Na segunda-feira, grevistas chegaram a parar ônibus na Av. BrasilTânia Rêgo / Agência Brasil
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Publicado 11/06/2018 23:05

Rio - Após um dia de transtornos, a previsão é de retorno à normalidade nos ônibus do Rio nesta terça-feira. Nesta segunda à noite, os rodoviários aceitaram a contraproposta da prefeitura e dos empresários e decidiram suspender por 24 horas a paralisação iniciada na madrugada, mas continuam em estado de greve. Foi o prazo dado para que o prefeito Marcelo Crivella se manifeste sobre a regulamentação da lei que determina a volta dos cobradores, sancionada há seis meses e ainda sem validade. Além de falta de ônibus e coação de manifestantes a profissionais que não aderiram, veículos foram vandalizados.

Segundo o Sindicato de Motoristas e Cobradores (Sintraturb), foi aceita a contraproposta de reajuste salarial de 7% em duas vezes (a categoria havia pedido aumento de 10%, e inicialmente o Rio Ônibus chegou a propor 4%), sendo 3,5% em junho e 3,5% em novembro. Também foi aceito reajuste de 50% na cesta básica, que passa de R$ 200 para R$ 300, além da implantação da biometria nas empresas, uma reivindicão antiga. "Continuamos em estado de greve até que o prefeito decida acabar a dupla função. Disso a categoria não abre mão", afirmou Sebastião José, presidente do Sintraturb.

Dos 23 mil motoristas e cobradores, cerca de 11 mil de todos os consórcios não trabalharam ontem, segundo o Sintraturb. O órgão informou que cinco empresas que atendem as zonas Norte, Sul e Oeste pararam totalmente: Transportes Paranapuan, Três Amigos, Real Auto Ônibus, Viação Ideal e Transportes Barra. As demais sofreram impacto parcial.

Um dos bairros mais afetados foi a Ilha do Governador, onde circulam 11 linhas da Paranapuan. Vans chegaram a cobrar R$ 8 na região e recusaram o Bilhete Único. A vendedora Maria Antonieta Santos, 50 anos, pega duas conduções para chegar ao trabalho, na Gávea, onde entra às 11h. Ela chegou às 6h ao ponto para não atrasar, mas às 8h ainda esperava pelo ônibus. "Vou voltar para casa", disse. A secretária Alice Fernandes, 55, trabalha na Fiocuz e, às 7h40, já esperava há quase uma hora no ponto, lotado. "Acho difícil eu chegar ao trabalho hoje. Já avisei ao meu chefe que estou há quase uma hora aqui e, caso eu consiga chegar, não sei como voltar", contou, restando 20 minutos para a hora do trabalho.

Na Avenida Santa Cruz, em Bangu, os pontos ainda estavam lotados às 10h, e vans e kombis piratas circulavam sem ser incomodadas. Na Avenida Brasil, um grupo de rodoviários bloqueou parcialmente a pista lateral, na altura de Manguinhos, sentido Centro. Motoristas foram obrigados a parar e ônibus tiveram pneus furados. O Sintraturb se reúne às 19h hoje, quando será apresentado o posicionamento do prefeito sobre a dupla função. Rodoviários de algumas empresas podem manter a paralisação parcial enquanto durar o estado de greve.

TRT exige circulação de 70% da frota da Paranapuan
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BRT funciona com menos veículos e corta serviços
A paralisação também afetou o BRT. Segundo o consórcio BRT Rio, os serviços operaram com intervalos irregulares nos horários de pico da manhã e da noite, motoristas foram ameaçados e dez ônibus articulados foram alvo de vandalismo. Fotos de vidros quebrados foram publicadas na página da empresa no Facebook. No início da noite, apenas doze dos 23 serviços regulares dos três corredores estavam funcionando.
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No Transolímpica, a operação foi interrompida temporariamente de manhã para garantir a segurança de passageiros e funcionários. No Transcarioca, veículos foram depredados na altura da estação Maré, prejudicando a operação na parte norte do corredor. "A previsão para a madrugada e a manhã (de hoje) é de normalidade", informou Suzy Balloussier, diretora de Relações Institucionais do BRT Rio.
O presidente do Sitraturb, Sebastião José, lamentou os incidentes ocorridos e garantiu que a orientação de depredar os coletivos não partiu do comando de greve. "Infelizmente, em qualquer tipo de movimento sindical ou manifestação existem pessoas infiltradas que só querem gerar tumulto e quebradeira. Esse não é e nunca foi nosso objetivo. Queremos apenas ter o direito de cobrar o que nos é devido pelo patronal", reforçou o sindicalista.
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