Publicado 19/06/2018 03:00
Rio - Deputados das comissões de Meio Ambiente e de Saúde da Assembleia Legislativo do Rio de Janeiro (Alerj) vão hoje ao Instituto do Meio Ambiente (Inea) pedir a interdição imediata do depósito gigante de escória com metais pesados no bairro Brasilândia e adjacências, em Volta Redonda, no Sul Fluminense. Conforme O DIA publicou nesta segunda-feira com exclusividade, a pilha, que ameaça o Rio Paraíba do Sul responsável pelo abastecimento de 12 milhões de pessoas (80% da Região Metropolitana) , já alcança 20 metros de altura (cinco vezes mais que o recomendado pelo instituto) e está a menos de 50 metros de distância do manancial. O subproduto da fabricação do aço, oriundo dos altos-fornos e aciarias da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), é usado na indústria cimenteira.
O alerta consta na denúncia 1518/2018, aceita pelo Ministério Público Federal (MPF-VR), que abriu inquérito para apurar responsabilidades, a pedido da ONG Associação Homens do Mar da Baía de Guanabara (Ahomar). A entidade também acusa a CSN e o Inea de suposta "conivência com o problema". Além do risco de comprometer o fornecimento de água para os cariocas, o material é apontado como causa de doenças respiratórias e alérgicas por boa parte dos 15 mil moradores da região.
"Queremos saber do Inea por que deixou a situação ficar fora de controle, a céu aberto, sem contenção, e por que está há oito anos analisando pedido de licença da Harsco (multinacional que opera o material). Se não tivermos respostas convincentes, exigiremos o fechamento", adiantou o deputado Dr. Julianelli (PSB), que integra as duas comissões.
Ontem, após a publicação da matéria, o Inea se manifestou, quatro dias depois que O DIA também pediu explicações. Em nota curta, sem justificar os questionamentos, o instituto limitou-se a criticar e ameaçar a Ahomar, premiada pela luta contra poluição ambiental. "O órgão finaliza o dossiê sobre indícios de ações da ONG com supostos beneficiários empresariais das mesmas", diz o texto, alegando que "o processo de licenciamento está dentro da regularidade, com as especificidades do caso".
Casas envelopadas com renda
As partículas de pó preto espalhadas pelo ar, que causam alergias e complicações respiratórias segundo moradores, muda até o visual das residências. Para reduzir os impactos da poluição perigosa, moradores envelopam casas com telas de rendas, que seguram um pouco a poeira.
"A casa fica um forno, de tão quente, mas é recomendação médica", lamenta Mônica Gomes, 38 anos, que sofre de bronquite. Seu vizinho, Evandro de Almeida, 58, também tem insuficiência respiratória. "É triste abrir a janela e dar de cara com esse monstro, a 130 metros".
Escórias, conforme especialistas, geram os gases sulfídrico e enxofre, e têm metais tóxicos, como manganês, zinco, cádmio, cromo, níquel e chumbo. O pior seria o CaO (cal virgem), resultado da reação de chuvas com hidróxido de cálcio, que contamina lençóis freáticos, elevando o pH de reservatórios subterrâneos de 7 para até 13 (acidez do cloro, por exemplo).
O presidente da OAB-VR, Alex Martins, criticou as alegações da CSN e Hasrco, que, em notas, disseram se preocupar com as comunidades, cumprir a legislação e dar destinação correta à escória. "É chacota com a opinião pública. Merecem ser rigorosamente punidas, em todas esferas", afirmou.
Contaminação dá água que o carioca consome, com metais pesados, está por um triz. A ONG Associação Homens do Mar da Baía de Guanabara moveu ação contra a multinacional Hasco e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), por conta de estocagem irregular de toneladas de escórias (numa área de 274 mil metros quadrados) com rejeitos de materiais poluentes pesados, que sobram da produção de aço dos alto-fornos e aciaria da usina de Volta Redonda. Divulgação
Contaminação dá água que o carioca consome, com metais pesados, está por um triz. A ONG Associação Homens do Mar da Baía de Guanabara moveu ação contra a multinacional Hasco e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), por conta de estocagem irregular de toneladas de escórias (numa área de 274 mil metros quadrados) com rejeitos de materiais poluentes pesados, que sobram da produção de aço dos alto-fornos e aciaria da usina de Volta Redonda. Divulgação
Contaminação dá água que o carioca consome, com metais pesados, está por um triz. A ONG Associação Homens do Mar da Baía de Guanabara moveu ação contra a multinacional Hasco e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), por conta de estocagem irregular de toneladas de escórias (numa área de 274 mil metros quadrados) com rejeitos de materiais poluentes pesados, que sobram da produção de aço dos alto-fornos e aciaria da usina de Volta Redonda. Divulgação
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