Rio - Uma das joias arquitetônicas do Brasil, no coração do centro histórico do Rio, volta a ser exibida, após quatro anos escondida por tapumes, telas e andaimes. A restauração da fachada da Biblioteca Nacional (BN) foi concluída, uma obra que demorou a começar e durou 18 meses para ficar pronta, a um custo de R$ 10,7 milhões. A cerimônia de inauguração foi na noite desta segunda-feira (18), com a presença do ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão.
O trabalho é considerado a obra de restauração mais abrangente, desde a construção do prédio, em 1910. Todas as 285 janelas foram restauradas, incluindo partes em madeira e ferragens originais. A obra contou com recursos do Fundo Nacional de Cultura, em ação conduzida pelo Ministério da Cultura (MinC), com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a BN.
Os trabalhos foram feitos por 120 operários e não geraram a interrupção do atendimento aos cerca de 100 mil visitantes e 14 mil pesquisadores anuais. A próxima obra é a reforma de toda a parte elétrica da BN, orçada em R$ 4 milhões, para depois ocorrer a climatização de todo o prédio, o que deverá ocorrer ao longo dos próximos quatro anos.
O ministro disse que a obra levou tempo para ficar pronta pela complexidade do trabalho de restauro do prédio, que é tombado pelo Iphan.
“A Biblioteca Nacional ficou anos circundada por tapumes. Com muito esforço, conseguimos superar os obstáculos e viabilizar a entrega desta obra. Ela exigiu um rigor e uma qualidade muito acima da média, por conta da riqueza arquitetônica do edifício. Enfrentou problemas de ordem burocrática e tivemos de ter esforço e dedicação para superar os problemas”, disse Sá Leitão.
Relevância para conjunto histórico
A presidente da Biblioteca Nacional, Helena Severo, destacou que a reforma das fachadas tem uma enorme relevância para o conjunto histórico e arquitetônico do Rio de Janeiro.
“A reforma das fachadas é um fato da maior relevância, para a cidade e para o país. Este prédio compõe a reforma [do ex-prefeito] Pereira Passos [que revitalizou completamente o centro do Rio]. Demorou cinco anos para ser construído e foi inaugurado em 1910 para abrigar o acervo da Biblioteca Nacional. É um prédio icônico e de referência para a cidade do Rio, situado na Cinelândia, que também abriga outros prédios importantes”, disse Helena Severo.
Palácio Capanema
De acordo com o MinC, o próximo prédio a ser totalmente revitalizado no centro da cidade é o Palácio Gustavo Capanema, construído para abrigar o Ministério da Educação e Cultura, quando o Rio ainda era capital do país, entregue em 1947.
Segundo Sá Leitão, a obra está sendo feita em etapas e a previsão de entrega é 2019, com um investimento federal superior a R$ 70 milhões. O prédio foi um dos primeiros projetos dos então jovens arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, entre outros, sob consultoria do arquiteto suíço Le Corbusier.