Novas parcerias para manter o esquema de corrupção em tempos de Lava Jato eram as estratégias da atual cúpula do Instituto Nacional de Traumatologia (Into). Investigações da operação Ressonância do Ministério Público Federal (MPF) revelam que os diretores passaram a barganhar propinas em torno de 5% dos contratos, abaixo do 40% cobrados pelas empresas de Miguel Skin que abasteciam o ex-governador Sérgio Cabral e o ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes. Em 22 anos foram desviados R$ 600 milhões.
O megaesquema, que envolvia empresas multinacionais, levou para a cadeia mais um acusado ontem, Gaetano Signorini, diretor comercial da Oscar Iskin, de Miguel Skin e de seu sócio Gustavo Estellita que abocanharam R$ 317 milhões com a corrupção no Into, Secretaria estadual de Saúde e Ministério da Saúde. Signorini foi detido por agentes da Polícia Federal no Aeroporto Tom Jobim quando chegava dos EUA. Ao todo 22 foram presos. Está foragido Ermano Marchetti da empresa alemã Drager, apontada como integrante do 'clube do pregão internacional', que fraudava licitações.
Apesar do cerco, o diretor do Into André Luiz Loyelo Barcelos, Luís Carlos Moreno de Andrade, João Batista da Luz Júnior e Rafael dos Santos Magalhães, todos presos, continuavam a comandar novo esquema de propina. Segundo o delator Leandro Rosa Camargo, da empresa Per Prima Comércio e Representações Ltda, o grupo, por ter pago R$ 730 mil à empresa, queria ganhar 5%, o equivalente a quantia de R$ 36,5 mil. Enquanto a roubalheira se mantém no Into, mais de 11 mil pacientes aguardam atendimento na fila de espera.
LAVA JATO NÃO É SUFICIENTE
Para a procuradora Marisa Ferrari os avanços da Lava Jato são importantes, mas não suficientes. "É preciso que a corrupção se transforme em caso de alto risco. O processo tem que ser mais rápido. Hoje, tudo é moroso, feito para não funcionar e eles sabem disso".