Elisa Quadros, conhecida como Sininho, foi uma das 23 condenadas - Fabio Gonçalves / Agência O Dia
Elisa Quadros, conhecida como Sininho, foi uma das 23 condenadasFabio Gonçalves / Agência O Dia
Por *Luana Dandara

Rio - As defesas dos 23 ativistas condenados pelos protestos de 2013 e 2014 no Rio consideraram desproporcional a decisão do juiz Flávio Itabaiana, do Tribunal de Justiça do Rio. Ele condenou na terça-feira 20 manifestantes a sete anos de prisão e os outros três a cinco anos de prisão, todos em regime fechado. A sentença considerou os crimes de associação criminosa e corrupção de menores.

"Vamos ingressar com os embargos de declaração assim que a sentença for publicada. Além de excessivo rigor, o juiz incluiu o crime de corrupção de menores, que não estava considerado na denúncia inicial. Ele não descreveu de forma individualizada qual conduta os manifestantes teriam de fato cometido", criticou o advogado de 11 dos 23 acusados, Marino D'Icarahy, incluindo Elisa Quadros, conhecida como Sininho. "O respeito à Constituição está em cheque", disse ele.

Condenada a sete anos de prisão, a advogada Eloísa Samy acredita que a decisão foi um 'recado' aos movimentos sociais. "A sentença ter sido divulgada agora, após três anos de espera, pra mim, é um recado claro para enfraquecer as mobilizações em defesa da candidatura do ex-presidente Lula", ponderou.

Ela disse ter ficado em choque com a sentença. "Não tenho nem multa de trânsito, estar nos protestos foi pontual na minha vida. Como posso ser associada a um grupo que a maioria sequer eu conheço? Fomos os bodes expiatórios, pinçados para dizerem que somos líderes de manifestações que uma multidão participou de forma autônoma".

Como a decisão do juiz Itabaiana foi em primeira instância, os acusados poderão recorrer em liberdade. Para Eloísa Samy, a prisão nem passa pela sua cabeça. "Tenho que acreditar que essa injustiça vai ser desfeita. Nunca vou reconhecer crimes que não cometi".

Ex-governador era um dos alvos

Na sentença, o magistrado citou o movimento "Ocupa Cabral", um acampamento montado pelos manifestantes onde morava o ex-governador Sérgio Cabral, preso pela Lava Jato desde 2016. "É inacreditável o então governador e sua família terem ficado com o direito de ir e vir restringido", escreveu.

Para Samy, foi uma sensação de 'alma lavada' quando o político foi preso. "Eram exatamente esses crimes que apontávamos, nós desafiamos o governador".

Entre os condenados na decisão estão Caio Silva e Fábio Raposo, que respondem em liberdade pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes.

*Estagiária sob supervisão de Claudio Souza

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