Ingrid, mulher de Antonio, disse que situação é um constrangimentoDaniel castelo Branco
Por O Dia
Publicado 20/07/2018 20:56 | Atualizado 20/07/2018 21:04

Rio - A família de Antonio Carlos Rodrigues Junior, preso no lugar de um criminoso que roubou a cônsul-geral adjunta da Venezuela no Rio, aguarda a soltura do motorista que ficou sete dias detido na Cadeia de Benfica, na Zona Norte do Rio. O ofício confirmando a soltura foi entregue somente na noite desta sexta-feira depois de dias de angústia para a família de Prw, como o homem é conhecido entre os amigos. Os familiares de Antonio Carlos exigiram que a cônsul Merli Mercedes e a delegada Valéria Aragão, da Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat), se retratem sobre o caso revelado pelo DIA.

Segundo Leonardo Rodrigues, irmão da vítima, a situação 'é revoltante'. "Meu irmão pagou por algo que ele não fez, sentiu na pele a dor de um ato que não cometeu. É um despreparo absurdo. Nem conhecimento que o bandido estava preso a polícia tinha. No depoimento da cônsul, constava que um homem pardo, careca e gordinho fez o roubo. Meu irmão tem 1,80, é negro. É notório que eles não têm semelhança. Houve uma coação para que ela o identificasse, para que resolvessem o caso rápido por se tratar de uma figura conhecida. E se meu irmão fosse um magnata, será que ele estaria aqui?", questionou.

"Eu acho que a cônsul deveria se retratar, ela e a Valéria (delegada da Deat). Meu irmão tem uma vida e com um reconhecimento errado, estragaram a vida de um trabalhador. Como será pro meu irmão daqui pra frente? Será que a credibilidade dele não vai cair? A vida dele será a mesma? A vida da cônsul e da dona Valéria eu tenho certeza que vai. O Estado tem que responder pelo erro da Valéria e o consulado pela erro da Merli Mercedes. Não é justo meu irmão responder por isso", desabafou.

A esposa de Antonio Carlos, Ingrid Luna, contou que a prisão afetou a rotina financeira do casal. "Ele já está há uma semana sem trabalhar. Com muita dificuldade conseguimos resolver a soltura dele. Eu e ele recebemos por dia e ficamos uma semana parados. Pra gente, faz uma diferença enorme. É um constrangimento enorme essa situação e estamos sem saber o que fazer. Minha preocupação é estar logo com ele e seguirmos nossa vida", disse.

Cônsul reconheceu verdadeiro ladrão após prisão

A vítima reconheceu na última quinta-feira o verdadeiro ladrão, que também confessou sua participação no assalto. Antonio Carlos foi surpreendido pelos policiais quando mexia em seu carro na porta de casa, na Glória, antes de começar mais um dia de trabalho. Inicialmente, ele foi informado que era uma investigação sobre postagens no Facebook, mas só na delegacia ficou sabendo que havia um mandado de prisão contra ele por roubo. A vítima, que teria feito o reconhecimento por fotos de Prw na rede social, o reconheceu depois pessoalmente.

Sua prisão temporária foi autorizada em 19 de junho, pouco mais de 10 dias após o crime, mas Antonio Carlos nunca soube da decisão, ficando ciente somente quando foi levado para a Deat no dia 13. Três dias depois, a Justiça aceitou a denúncia do MP. O primeiro preso, que antes dizia não conhecer Prw, mudou a versão e falou que ele era o seu comparsa, segundo a família.

Na denúncia, é relatado que Antonio Carlos foi reconhecido pela vítima e "pelas fotos e filmagens dos fatos e do percurso até o local do delito". O documento também diz que os presos "não apresentam residência nem trabalho fixo", o que a família de Prw nega, já que ele é casado e mora na Glória.

Merli Mercedes foi assaltada na entrada do prédio do consulado de seu país, na Avenida Presidente Vargas. Na ocasião, ela foi abordada por três criminosos na entrada do elevador e teve 4.900 mil, o equivalente a mais de R$ 20 mil, roubados. 

 

 

 

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