Rio - Já chega a seis o número de mulheres que procuraram a Polícia Civil para prestar depoimento contra Patrícia Silva dos Santos, de 47 anos, conhecida entre as pacientes como Paty Bumbum. Ela foi indiciada por exercer a profissão de médica ilegalmente. As últimas três vítimas estiveram nesta segunda-feira, na Cidade da Polícia, e registraram boletim de ocorrência contra a massoterapeuta que fazia procedimentos estéticos em Curicica, na região de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. A falsa médica deverá prestar um novo depoimento nesta quarta-feira.
Aos investigadores da Delegacia do Consumidor (Decon), as mulheres contaram que pagaram mais de R$ 3 mil pelos procedimentos. Uma das vítimas está com suspeita de lesão nas nádegas por conta da aplicação. De acordo com a delegada Daniela Terra, as mulheres irão aos seus médicos pessoais — para que os especialistas avaliem o material que foi usado nelas. Após a análise, as vítimas serão encaminhadas ao Instituto Médico Legal (IML).
"Para elas fazerem um exame de corpo de delito indireto, eu preciso do laudo médico dos cirurgiões (que as vítimas estão tratando) dizendo qual produto que foi usado", disse a delegada titular da Decon. "Vamos apurar se o material usado nas vítimas são recomendados para usar em ser humano", completou Terra.
Daniela Terra intimou Paty Bumbum e a massoterapeuta Valéria dos Santos Reis, de 54 anos, a prestarem novos depoimentos nesta quarta-feira. Valéria foi reconhecida por fotos pelas testemunhas que estiveram na delegacia na última semana. Segundo as vítimas, Valéria e Paty Bumbum trabalhavam juntas, realizando atendimentos na clínica clandestina na Zona Oeste.
A Polícia Civil já ouviu Valéria em um inquérito que apura a morte da modelo Mayara Silva dos Santos, 24, que morreu após fazer um procedimento estético, no último dia 20.
Se ficar comprovado que alguma mulher que procurou as falsárias teve problemas físicos após as aplicações feitas por Patricia, a falsa médica também pode vir a ser indiciada pelo crime de lesão corporal, que varia de leve a gravíssima. No caso mais extremo, desde que não haja morte, a pena pode variar de dois a oito anos de prisão.
Na última semana, Patricia foi encaminhada à Decon para prestar esclarecimentos e foi indiciada por exercício ilegal da medicina. Contudo, como o crime é considerado de menor potencial ofensivo e tem pena máxima de até dois anos de reclusão, ela não ficou presa. No dia da detenção, Paty Bumbum disse que só prestaria depoimento acompanhada de um advogado. No entanto, aos investigadores informalmente, a falsa médica contou que já realiza este tipo de procedimento há 13 anos. O DIA não conseguiu localizar Paty Bumbum para ela se pronunciar sobre as denúncias.
A 42ª DP (Recreio) também investiga a morte de uma mulher que fez um procedimento estético com Patrícia Silva dos Santos. O caso chegou ao conhecimento da polícia na última sexta-feira, após duas mulheres procurarem a especializada para prestar queixa contra a falsa médica.