O professor Rodrigo Sacramento recomenda leitura concentrada para entender corretamente as perguntas - Divulgação QG do Enem
O professor Rodrigo Sacramento recomenda leitura concentrada para entender corretamente as perguntasDivulgação QG do Enem
Por FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - Sabe aquela frase manjada depois de uma prova de Matemática? "Puxa, errei algumas questões de bobeira". Para evitar o desagradável e tardio lamento no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o DIA conversou com professores renomados sobre o assunto. E, por incrível que possa parecer, muitos dos erros ocorrem justamente nas questões mais fáceis. Foi o que revelou levantamento dos cursinhos Anglo, Objetivo, Etapa e Cursinho da Poli, a pedido da BBC News Brasil. Pelo estudo, algumas questões simples foram acertadas por somente entre 6,5% e 11% dos 5 milhões de estudantes.

O professor de Matemática Aleksander Matias, do Colégio Notre Dame-Recreio, um dos mais experientes do Rio, atenta para um detalhe que quase ninguém percebe. O bom desempenho e alcance de uma boa nota na matéria depende essencialmente de uma outra disciplina: o Português. Afinal, boa parte dos estudantes erra enunciados simples por pura falta de atenção na leitura do que está sendo pedido na questão.

"Venho batendo nessa tecla há 20 anos. Preocupados com o tempo e com os cálculos, muitos alunos se esquecem de uma ferramenta poderosa, que é a leitura do texto. A compreensão, a interpretação do que está sendo solicitada na questão, aliada a conhecimentos matemáticos básicos, é o caminho rápido e seguro para respostas corretas", garante o professor Aleksander Matias.

Ele lembra que das 45 questões de Matemática do Enem, 15 são fáceis, 15 médias e 15 difíceis. As fáceis e médias são sempre precedidas de textos longos, que exigem leitura atenta. "Os questionamentos vêm em linguagem textual, gráfica ou por tabelas. O aluno tem que ficar esperto para não cair em 'pegadinhas'", avisa.

Outro professor expoente na área, Rodrigo Sacramento, do Colégio Pensi e QG do Enem, salienta que as interpretações das questões devem ter conexões com o mundo atual, aliadas a conhecimentos básicos. "Hoje não existe mais questão isolada, do tipo 'determine o valor X de tal problema'. É necessário montar raciocínios lógicos, com conhecimentos do conteúdo básicos, como as quatro operações, funções, regra de três, grandezas diretas e inversamente proporcionais, teorema de Pitágoras, relações métricas, entre outros", detalha Sacramento.

Exercícios constantes

Rodrigo Sacramento aconselha os alunos a fazerem e refazerem o máximo de exercícios possíveis, com especial dedicação à interpretação das perguntas. "Faça uma lista de exercícios, sempre pegando as questões mais fáceis primeiro. À medida que o grau de dificuldade vai aumentando, também é recomendável que se amplie a quantidade de testes. Pratique a leitura em qualquer circunstância", salienta o professor.

O estudante do Colégio Notre Dame-Recreio, João Pedro Martins da Costa, de 17 anos, que sonha em fazer Administração e Economia, segue a cartilha dos professores Matias e Sacramento, e se dá bem. Não à toa que ele tem a melhor média de notas em Matemática de sua turma.

"Além de uma base boa e firme, a concentração no que realmente pedem as questões é fundamental. Não adianta dominar o assunto e ignorar o que está sendo pedido no enunciado", comenta Pedro, que não dispensa as videoaulas em casa.

Outra dica de professores da matéria é sublinhar trechos importantes da pergunta. Ao finalizar os cálculos, ele deve voltar à questão marcada e avaliar com atenção a resposta. É uma forma de eliminar erros bobos por falta de atenção à interpretação de texto.

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