Rio - A Polícia Federal realiza, na manhã desta sexta-feira, a operação Hashtag contra suspeitos de lavagem de dinheiro que teriam ligações com o ex-governador Sérgio Cabral. Por volta das 7h, um dos três procurados na ação, que é desdobramento da Operação Eficiência, da Lava Jato, havia sido preso. O banqueiro Eduardo Plass é suspeito de usar empresas de offshore e uma joalheria da Zona Sul do Rio para lavar dinheiro de propina. O empresário e duas sócias minoritárias dele são alvos de mandados de prisão temporária e também há quatro mandados de busca e apreensão.
O empresário foi preso em sua residência no Leblon, na Zona Sul do Rio. A suspeita é que ele e as duas sócias tenham movimentado cerca de R$ 90 milhões no esquema. Ele já havia sido conduzido coercitivamente, no ano passado, quando foi deflagrada a Operação Eficiência, que apurou ocultação de mais de US$ 100 milhões do ex-governador Sérgio Cabral no exterior. O banqueiro foi presidente do Banco Pactual e é sócio majoritário do TAG Bank, no Panamá, e da gestora de recursos OPUS.
As investigações do Ministério Público Federal (MPF) apontam crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas cometidos pelos investigados, comandados por Eduardo Plass. Segundo o órgão, o esquema consistia no recebimento de dinheiro em espécie dos diretores administrativos de joalheria em Ipanema, Zona Sul, e, posteriormente, transferência no exterior de valores de uma conta sob seu controle para uma empresa offshore de fachada, que, por sua vez, ainda transferia esses valores para uma outra empresa offshore de fachada, e que, por fim, transferia os valores para a empresa holding do grupo da joalheria.
Ainda de acordo com o MPF, para dar aparência de legalidade às transações, a equipe de Eduardo Plass assinava contratos fictícios de empréstimos com os diretores da joalheria, muitos deles com datas retroativas ideologicamente falsas, forjados como se fossem empréstimos entre a empresa The Adviser Investments e as offshores Fleko e Erposition, que recebiam os valores no momento inicial de cada transação. As transações ilegais teriam sido feitas entre 2009 e 2015.
No total, foram entregues em espécie e transferidos no exterior em dólares os valores equivalentes a U$ 24.371.000,00, em reais, mais de 90 milhões. O MPF pediu o bloqueio deste valor a título de reparação de danos e valor equivalente a título de danos morais, totalizando o valor de R$ 181 milhões.
“O que chama a atenção neste caso é o próprio banqueiro fazer operações de dólar-cabo a fim de lavar capitais. Com isso, fica comprometida toda regulação de compliance. É como se o árbitro de futebol entrasse em campo, por baixo do uniforme, com a camisa de um dos times, encobrindo ativamente jogadas desleais”, analisam os procuradores do MPF.