Rio - A denúncia de um suposto estupro contra um advogado levou a suposta vítima a ficar presa 48 horas. Ela foi libertada nesta sexta-feira da Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, pela juíza Amanda Azevedo Ribeiro Alves após audiência de custódia, mas tem que se apresentar à Justiça a cada dois meses e não pode ficar mais de dez dias longe do local de casa. O caso aconteceu em uma escadaria de emergência no quatro andar do Fórum de Duque de Caxias, por volta das 13h20 de quarta-feira. Veio à tona, após a mulher contar a um PM na saída de uma audiência. A diretora da comarca, Mafalda Luchese, acionou agentes da Polícia Civil.
Na 59ª DP (Duque de Caxias), o acusado alegou que manteve relações sexuais com a mulher, mas de forma consensual. O delegado Flávio Rodrigues após ouvir os depoimentos e analisar as câmeras de segurança do fórum, então decidiu prender a suposta vítima por denunciação caluniosa, cuja pena varia de dois a oito anos de prisão, enquanto que o advogado foi acusado de ato obsceno, com punição de detenção de três meses a um ano. "É estarrecedor. O delegado julgou na hora que ela estava mentindo e prendeu. Estou estudando representar contra o delegado", afirmou o advogado da suposta vítima, Felipe Azedo.
O delegado Flávio Rodrigues alega que imagens das câmeras foram analisadas de forma minuciosa. "Ficaram evidenciadas algumas contradições na versão apresentada pela vítima, quais sejam: a ausência de gritos de pânico da suposta vítima os quais seriam facilmente percebidos pelas pessoas que estavam no corredor do fórum. O fato de a suposta vítima ter ido para uma audiência após os fatos ao invés de pedir ajuda, bem como o suposto autor ter permanecido no fórum trabalhando ao invés de fugir", justificou Flávio Rodrigues em mensagem pelo WhatsApp.
O presidente da Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil, Luciano Bandeira, explicou que, em tese, o caso é de representação no Tribunal de Ética e Disciplina. "Cabe suspensão preventiva do advogado no prazo máximo de 90 dias", explicou. Bandeira esclareceu que apesar de o caso não estar relacionado à advocacia, o estatuto da Ordem determina conduta ilibada.
O advogado e a mulher se encontraram no fórum, quando ela buscava informações sobre uma audiência no Juizado Especial Criminal. Imagens de câmeras mostram que eles conversam por alguns minutos e depois seguem para a escadaria de emergência. Procurado, o advogado não foi localizado.
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