Ex-governador Sérgio CabralGiuliano Gomes / PR PRESS
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Publicado 13/08/2018 17:00 | Atualizado 13/08/2018 21:46

Rio - O ex-governador do Rio Sergio Cabral (MDB) voltou a admitir, nesta segunda-feira, que recebeu recursos de caixa 2 durante suas campanhas eleitorais, mas negou que "tenha agido como corrupto". Segundo ele, os recursos de campanha que recebeu e não foram contabilizados nunca foram acompanhados de promessas ou garantias de contratos durante seus governos.

Cabral foi ouvido durante uma hora pelo juiz Marcelo Bretas em audiência realizada na 7ª Vara Federal Criminal no Rio. O depoimento faz parte do processo decorrente da Operação Unfair Play, que investiga suposta compra de votos para o Rio sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Na quinta-feira, Cabral já havia participado de audiência sobre esse caso.

Nesta segunda-feira, o ex-governador voltou a admitir o uso de recursos não contabilizados.

"Fiz uso de caixa 2. Não estou dizendo que é um mal menor. Não é estratégia de defesa", disse. "O que eu não fiz foi pedir propina, agir como corrupto. Eu nunca cheguei ao Arthur Soares para pedir isto ou aquilo."

Segundo Cabral, o empresário Arthur Soares, conhecido como "Rei Arthur" e que tinha alguns dos principais contratos com o governo do Estado do Rio, colaborou com sua campanha nas eleições de 2002 (o emedebista, na ocasião, concorreu ao Senado), 2006 e 2010 (governo do Estado), além de doar também, a pedido de Cabral, a aliados nos pleitos municipais de 2004, 2008 e "talvez" 2012. "Recebi em torno de R$ 5 milhões", calcula.

Cabral procurou também se desvincular de atos nos quais secretários de seu governo são investigados por suposto recebimento de propina, caso, por exemplo, do ex-chefe da Pasta da Saúde Sérgio Côrtes. "Eu descentralizava tudo", afirmou. "Não posso responder por terceiros."

Côrtes também depõe

Côrtes depôs logo na sequência. Ele é suspeito de ter feito reformas na cobertura onde mora custeadas pelo empresário Rei Arthur. O ex-secretário de Saúde negou a propina e prometeu apresentar as notas fiscais que comprovariam que ele próprio fez o pagamento.

Sérgio Côrtes, porém, admitiu que alguns contratos firmados por sua pasta durante a gestão Cabral eram viciados. Tinham cláusulas restritivas, que direcionavam a vitória nos processos de licitação para empresas de Arthur Soares, afirmou.

O ex-secretário também foi questionado por Bretas sobre a declaração de Cabral, de que nunca pediu nada em troca por doações de campanha. Côrtes foi direto:

"Eu não consigo absolutamente distinguir propina de doação de campanha".

O terceiro e último depoimento desta segunda-feira foi da empresária Eliane Pereira Cavalcanti, sócia de Arthur Soares. Apesar da proximidade, Eliane negou ter conhecimento de qualquer irregularidade praticada pelo sócio.

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