Rio - O primeiro fim de semana da exposição ‘Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira’ no Rio foi marcado por longas filas e protestos de pequeno grupo contrário à exibição no Parque Lage, no Jardim Botânico, Zona Sul. Mas, apesar da fila, neste domingo a visitação foi tranquila. A mostra é a mesma que gerou controvérsias ao ser censurada em Porto Alegre, no ano passado.

A reabertura da exibição, que vai até 16 de setembro, foi viabilizada por meio de campanha de financiamento coletivo que arrecadou pouco mais de R$ 1 milhão. Para Gaudêncio Fidelis, curador da mostra, trazer o evento ao Rio representa vitória da democracia.

“Como você vai aceitar que um evento com 264 obras de 85 artistas seja fechada? Eu acho que a resposta da sociedade brasileira foi dada de maneira muito contundente na medida em que as pessoas contribuíram para o financiamento coletivo que foi o maior do Brasil. Além disso, tivemos filas de até quatro horas em que as pessoas ficaram sem reclamar”, afirmou o curador.

Antes do início da mostra, na última sexta-feira, liminar proibiu a entrada de menores de 14 anos. Além disso, adolescentes entre 15 e 16 anos só podem ver a exibição acompanhados dos pais. A determinação judicial fez com que o público tivesse que se desdobrar para acompanhar o evento.

“Estou com meu filho pequeno, minha mãe e uma amiga. Vamos ter que nos revezar para conseguir entrar”, afirmou a funcionária pública Viviane Falkembach, que tirou o domingo para conhecer as obras.

“Acho revoltante que eu não possa nem optar por entrar com meu filho que é menor de 14 anos. Poderia ter classificação indicativa, mas não um veto”, opinou.

Protesto contra a realização do evento perde forças

Além da grande presença de público, a exposição 'Quermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira' foi alvo de poucos protestos. No sábado, apenas 40 manifestantes de grupos como Movimento Brasil Livre (MBL), Liga Cristã e Templários da Pátria estiveram na porta do Parque Lage. Ontem, no entanto, o movimento perdeu a força e somente uma pessoa protestou em frente à exposição.

"Essa é uma exposição ofensiva aos ideais cristãos. Tem gravuras horríveis, contra a natureza e a favor da pedofilia. É uma apresentação que ninguém de bom senso pode apoiar. Estive aqui ontem (sábado) também e pretendo continuar criticando essa exibição", afirmou o zootecnista João Gabriel Marques, de 61 anos, que protestava solitário ontem levantando um cartaz com a frase "Não ofendam nosso senhor".

O diretor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), Fábio Szwarcwald, disse que as manifestações já eram esperadas e que, "dentro dos limites da liberdade de expressão, fazem parte da democracia". Além disso ele afirmou que além dos seguranças do Parque Lage, a exposição conta com uma equipe de segurança privada extra e câmeras de segurança.

* Estagiário sob supervisão de Max Leone