Motorista deixou o carro em oficina para consertá-lo e retirar evidências do atropelamento que matou idosa e netos na Estrada do Catonho, em Sulacap - WhatsApp O DIA (98762-8248)
Motorista deixou o carro em oficina para consertá-lo e retirar evidências do atropelamento que matou idosa e netos na Estrada do Catonho, em SulacapWhatsApp O DIA (98762-8248)
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - O homem que atropelou e matou uma idosa e seus dois netos na Estrada do Catonho, em Jardim Sulacap, na Zona Oeste, vai responder o crime em liberdade. Após ser identificado e localizado pela 33ª DP (Realengo), Elson José Meneses, 56 anos, disse em depoimento que não pretendia se entregar, tentou retirar evidências do atropelamento do veículo que atropelou os três e dias depois deixou em uma oficina dizendo que "tinha batido em um caminhão". Ele foi indiciado por fraude processual e homicídio culposo — cinco anos para cada morte, mas crime pode mudar para doloso (com intenção de matar).

"O motorista tentou modificar o carro e não tinha pretensão de se entregar. Inclusive, ele disse que não sabia que tinha atropelado as duas crianças. Ele pensou que fosse apenas uma senhora, que apenas viu um 'vulto'. Ele é aposentado e trabalha como motorista de aplicativo e voltava da Barra para Bangu quando aconteceu o crime. Chegando em casa, escondeu o carro e na segunda-feira (quatro dias depois) levou para um mecânico. Lá na oficina contou para o funcionário que tinha colidido com o caminhão", explicou o delegado Roberto Ramos, titular da 33ª DP.

A investigação chegou até Elson após a análise de câmeras de segurança. Com as características do veículo, percorreram oficinas na região e nesta quinta-feira chegaram uma loja de Bangu que estava fazendo o reparo do Renault Logan cinza que atropelou avó e netos. O veículo estava todo desmontado, mas características semelhantes a um atropelamento ainda eram evidentes.

Segundo o delegado, Elson disse que "ficou nervoso e com medo de ser linchado, pois era a noite e estava escuro", mas que não estava em alta velocidade. Depois de descoberto, ele se disse arrependido. 

Família critica liberdade e pede Justiça

A atendente Elaine Souza, de 41 anos, tia das crianças, criticou que o atropelador vai responder em liberdade e pede Justiça. "Ele é um monstro, destruiu uma família. Infelizmente, no Brasil é assim: se você quer ficar impune você pega um carro mata e não vai acontecer nada. A Justiça para pobre não existe. Se fosse em uma família rica que tivesse acontecido isso, rapidamente esse cara já estaria preso", disse.

A avó Mirian Batista de Moura Graça, 60 anos, com os netos Raphael Samuel de Moura Coelho, de 4 anos, e Kaio Vinícius Moura Coelho, de 7 anos. Os três morreram atropelados na Estrada do Catonho - Arquivo pessoal

Relembre o caso

O crime aconteceu no último dia 13. Miriam Moura, de 60 anos, tinha deixado os netos, Raphael Coelho, de 4 anos, e Kaio Coelho, de 7, na explicadora, no início da tarde, em Realengo, e por volta das 16h foi para a igreja no mesmo bairro. Quando deixou o culto, pegou os dois meninos, pararam na padaria para um lanche e entraram no ônibus para voltarem para casa.

Os três tinham acabado de desembarcar de um ônibus na Estrada do Catonho, por volta das 20h, atravessaram as pistas e, quando já chegavam do outro lado, no sentido Cemitério Jardim da Saudade, foram atingidos pelo carro, que os arremessou a uma distância de 400 metros. O trecho não tem sinalização e o motorista do veículo fugiu sem prestar socorro. Miriam faria 61 anos no próximo dia 28. 

No dia seguinte após o crime, manifestantes fecharam a Estrada do Catonho e reclamaram da falta de sinalização na via, o que prejudica o trânsito de quem mora no entorno.

 

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