Funkeiro fez show na PenhaREPRODUÇÃO FACEBOOK
Por Bruna Fantti
Publicado 03/09/2018 03:00

Rio - Após saber que será intimado a depor em uma investigação sobre o tráfico de drogas no Baile da Gaiola, na Penha, conforme o DIA revelou no domingo, o candidato a deputado federal e funkeiro MC Tikão nega apologia e se defende: "só dei alguns alôs que me pediram". Os alôs a que ele se refere são os apelidos de três chefes do tráfico que o músico pediu a liberdade, em cima do palco, enquanto a multidão cantava uma música em homenagem ao Comando Vermelho. O ato, que foi filmado, ainda flagra homens armados com fuzil e pistola na plateia. O Ministério Público Eleitoral (MPE) vai analisar o vídeo para saber se cabe alguma medida na Justiça Eleitoral.

"Antes de iniciar a música, na versão light (original), alguém me chama na beira do palco para dar alôs (falar os nomes) de algumas pessoas. Como artista no palco eu não me recuso. Às vezes me arrependo, mas eu sempre digo", afirmou Tikão. Entre os apelidos citados pelo cantor está o de Marco Antônio Firmino da Silva, o My Thor, que cumpre pena em presídio federal.

O funkeiro será intimado pela 22ª DP (Penha), que investiga o vídeo e a possível apologia ao tráfico. "A única parte da música que eu canto é 'consideração se tem pra quem age na pureza, por isso eu vou mandar assim', que o público completa 'Comando Vermelho até o fim'", disse o cantor. Na versão original, o verso é completado com "sangue de guerreiro, estou na luta até o fim". Nessa parte, o funkeiro afasta o microfone e é erguido pelo seu irmão, MC Frank, que gesticulava insinuando empunhar armas. Frank também será intimado a depor.

MC Tikão disse que foi ao baile para gravar um videoclipe e fazer um show para o qual foi contratado, na madrugada de 19 de agosto. Questionado sobre a origem do dinheiro do seu pagamento pela participação na festa, o funkeiro desconhece. "Sou cria do Complexo do Alemão e fui gravar um clipe. Também fui contratado para cantar nesse evento. Muitos são contratados para esse baile, cantores de rap, Mcs famosos. Ligam para o escritório e me contratam. Não vou perguntar ao meu contratante de onde saiu o dinheiro dele", destacou.

O cantor já foi preso em 2010, por apologia ao tráfico e, ano passado, ao ser denunciado por envolvimento com o tráfico da Rocinha. No entanto, não é condenado, o que possibilita ser eleito.

CONSELHO DE ÉTICA

Em nota, o Solidariedade, partido do candidato, disse que irá acionar o Conselho de Ética e que "não compactua com ações que desabonem a conduta do processo político e eleitoral do país".

Sobre essa repercussão na política, Tikão disse que não irá desistir da candidatura e explica o motivo de querer ser deputado federal. "Por covardias (de políticos) que entram nas comunidades e não fazem nada. Eles não ligam para escola e hospital, querem que o povo fique burro e morra. (...) Quero ajudar no saneamento básico, porque eu sei onde precisa. O político é mais bandido que o bandido e eles estão com medo de eu entrar".

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