Rio - Um incêndio atingiu o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na noite deste domingo. Bombeiros de pelo menos quatro quartéis atuaram no combate às chamas. Uma equipe especializada dos bombeiros entrou no prédio por volta das 21h15 para tentar bloquear áreas ainda não atingidas pelas chamas e avaliar a extensão dos estragos.
Duas escadas Magirus foram usadas, e dois caminhões-pipa se revezaram fornecendo água para o trabalho dos bombeiros. Dois andares foram bastante destruídos e o teto desabou. Nas redes sociais, muitas pessoas postaram fotos e vídeos do incêndio, que podia ser visto de várias partes da cidade. Ninguém se feriu.
O presidente Michel Temer lamentou o incêndio que atinge o Museu Nacional. Em nota, ele lembrou que foram "perdidos 200 anos de trabalho, pesquisa e conhecimento". Temer classificou o episódio como perda "incalculável".
"O Museu Nacional é um dos símbolos da nossa cultura. Ele completou 200 anos em 2018, mas as coleções têm muito mais que isso. É uma tragédia lamentável", disse à GloboNews Paulo Knauss de Mendonça, diretor do museu.
"É uma tragédia imensurável. Acho que todos os brasileiros estão de luto", afirmou o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, à GloboNews.
Quando o fogo começou, a visitação ao museu já havia sido encerrada e estavam no prédio quatro vigilantes, que não se feriram.
Entre os funcionários da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que, em prantos, acompanhavam o incêndio estava o bibliotecário Edson Vargas da Silva, de 61 anos, que trabalha há 43 anos no museu. "Tem muito papel, o assoalho de madeira, muita coisa que queima muito rápido. Uma tragédia. Minha vida toda estava aí dentro", afirmou.
A parte do acervo que não ficava nesse prédio está preservado. Mas o que havia em exposição aparentemente foi todo consumido. O Zoológico do Rio de Janeiro fica bem próximo do Museu Nacional, mas não foi atingido.
Sobre o Museu Nacional
Primeira instituição museológica e de pesquisa do Brasil, o Museu Nacional completou 200 anos no dia 6 de junho deste ano. Localizado no interior do parque da Quinta da Boa Vista, no bairro de São Cristóvão, o museu foi criado como Museu Real, em 1818, por D. João VI. Era considerada a instituição cientifica mais antiga do Brasil e uma das principais da América Latina.
O conjunto arquitetônico da Quinta da Boa Vista, o edifício do museu e a coleção Balbino de Freitas são tombados, desde 1938, como patrimônio cultural brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan), entidade vinculada ao Ministério da Cultura.
A instituição contava com um acervo de mais de 20 milhões de itens, subdivididos em temas como antropologia, botânica, entomologia, geologia e paleontologia.
Além disso, possuía uma das maiores bibliotecas especializadas em ciências naturais do Brasil. Incorporado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desde 1946, oferece cursos de extensão, especialização e pós-graduação em diversas áreas do conhecimento.
Entre as preciosidades do museu estavam 1560 peças raras, mais de 26 mil fósseis nas coleções paleontológicas e o maior meteorito brasileiro, o chamado Bendengó. O espaço abriga ainda os ossos e a reconstituição facial de Luzia, fóssil humano mais antigo do Brasil, com mais de 12 mil anos.