Rio - Uma plenária que marca os 98 anos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) — fundação foi em 7 de setembro de 1920 — acontece na manhã desta quinta-feira em frente ao Museu Nacional com a participação de cerca de 150 pessoas. Após o incêndio que destruiu a instituição bicentenária, o foco do ato é a luta para a preservação do que sobrou do museu, além da valorização das universidades públicas.
Segundo o Museu Nacional, cerca de 1 milhão de itens dos 20 milhões existentes foram poupados da tragédia. Esses materiais não estavam no prédio que foi consumido pelo fogo no último domingo. “São coleções de botânica, vertebrados e de invertebrados, além de biblioteca com 500 mil livros de mais de 150 anos", falou a vice-diretora do Museu Nacional, Cristiana Serejo.
Cristiana disse que o Museu Nacional recebeu uma série de ofertas de outras instituições e museus, inclusive do exterior, para que o espaço volte a funcionar o mais rápido possível. A direção informou que vai avaliar as ofertas e onde elas serão realocadas.
Um enorme varal foi colocado com cartas de desagravo de diversas instituições de ensino do país e do mundo. No espaço, chamado pelos presentes de "varal das lamentações", foram expostas cartas de universidades como a de Uberlândia, Federal da Espanha, de Ouro Preto, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Federal de Pelotas, Rural de Pernambuco, Universidade Federal de São Carlos e muitas outras. Segundo a direção da instituição, o objetivo é mostrar que as universidades federais estão unidas para que o Governo Federal dê mais atenção para a educação e a cultura do país.
A plenária conta com representes de diversas universidades do país, entre eles reitores, professores e universitários. A administradora Angélica Martins, de 37 anos, é uma das presentes. Segundo ela, todos sabiam que a situação do Museu Nacional era critica e ninguém fez nada.
"Agora a reconstrução do museu será uma fábrica de fazer dinheiro. Eles vão reconstruir a estrutura, mas será que esta é a única saída? Outros museus estão assim e eles precisam de reformas e de uma atenção especial. Precisamos de políticos responsáveis que queiram investir na educação para a população saber a dimensão do que foi perdido (no Museu Nacional). Sou moradora de São Cristóvão e sempre frequentei aqui desde criança. Aqui sempre foi o meu quintal cultural e o sentimento afetivo por esse lugar é tanto que, parece que eu perdi um parente", lamentou.
Pouca verba
O reitor da UFRJ, Roberto Leher, falou na plenária sobre os recursos recebidos pelo Governo Federal nos últimos anos. Com gráficos, ele mostrou números que falavam do custeio da universidade, assim como para o Museu Nacional. Segundo ele, em 2014 a universidade tinha R$ 52 milhões para fazer o custeio dentro da instituição. Nesta ano, de acordo com o reitor, a instituição recebeu R$ 3 milhões.
“Vejam, os números estão descrevendo. Contra fatos não há argumentos”, disse aos presentes. “Não me venham dizer que não há falta de recurso. Há uma argumentação que o Museu é mantido pela UFRJ e que nós repassássemos apenas R$ 300 mil. Parece que aqui não é universidade. Aqui é universidade e nós temos um custo de R$ 7 milhões por ano com o museu (energia, limpeza, segurança, etc)”, disse.
O reitor da UFRJ também usou a palavra “fake news” para comentar sobre uma proposta milionária do Banco Mundial para reformar e modernizar o Museu Nacional. Ele também criticou notícias que dão conta de sua ligação com o Psol.
Ele também defendeu que o “espaço não deve ser apenas para visitação e sim, também, para a pesquisa. "Não podemos aceitar que o museu se torne em comércio. Ele tem que ser acadêmico. Temos que usar esse local para um projeto de futuro. De futuro do nosso país", destacou.