Rio - No começo da tarde desta quinta-feira, o reitor da Universidade Federal do Rio (UFRJ) Roberto Leher afirmou que o Museu Nacional — que foi consumido pelo fogo no último domingo — só deverá começar a ser reconstruído no segundo semestre de 2019 (caso não haja atraso nos repasses). Leher afirmou que já existem duas frentes de trabalhos no local, que fica na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, após a Polícia Federal concluir a perícia, que deve terminar no próximo domingo. Segundo ele, os R$ 10 milhões liberados pelo Governo Federal serão usados para o reforço da estrutura do prédio, a cobertura do espaço (já que boa parte do telhado desabou) e separação dos objetos do acervo. Os R$ 5 milhões liberados pelo MEC serão utilizados para o projeto da reconstrução do museu.
"Conseguímos a autorização para isso. Ontem, estivemos como o MEC, com o Iphan e com a Unesco. Definimos como será a primeira fase dos trabalhos e agora, o objetivo é a proteção da estrutura já existente e o salvamento do que restou", disse o reitor. Na próxima semana, uma comitiva de pesquisadores e especialistas da Unesco desembarcam no Brasil para ajudarem no plano para o resgate do acervo que foi chamuscado. "Eles (os especialistas) são referências em tragédia e trabalharão com os especialistas do Museu Nacional. Vamos tentar resgatar o máximo de materiais. Com isso, a primeira parte fica pronta", contou o reitor. A UFRJ espera que a cobertura e o escoramento do prédio sejam feitos até o final de setembro.
Como disse a vice-diretora do Museu Nacional, a professora Cristina Serejo, os especialistas terão que fazer um trabalho de arqueólogo e isso pode demorar meses.
Segundo Alexandre Kellner, diretor da instituição bicentenária, ele entrou no prédio e alguns armários estariam preservados. "O problema do acervo é que existe muito material. Alguns, poderemos salvar com uma facilidade maior. As paredes caíram sobre eles e há uma possibilidade muito grande de estarem intactos. Estou feliz pois vi muitos armários cheios. No entanto, eles precisam ser retirados de lá e levados imediatamente para a restauração", disse.
Licitação dispensada
De acordo como a UFRJ, em virtude de uma "emergencialidade", a legislação prevê que haja uma dispensa para a contratação da empresa que irá escorar e colocar a tenda para cobrir o local. A instituição deverá fazer uma tomada de preço que será entregue na segunda-feira. "Após a tomada de preço, iremos enviar a elaboração para a Unesco e para o Iphan. No entanto, os trabalhos só podem começar após a Polícia Federal liberar o local. Isso, não sabemos quando irá acontecer", disse o reitor. "Técnicos da UFRJ estão trabalhando, em conjunto com a PF, e faremos uma perícia a parte", completou o diretor do museu.
Reconstrução do Museu Nacional
Após a retirada de todos os materiais de acervo que restaram, a UFRJ e a direção do museu começarão a segunda etapa que consistirá na metodologia de um projeto executivo de como será a reconstrução do espaço cultural. "A partir do projeto executivo teremos a definição de como iremos reconstruí esse espaço. Trabalhamos com a perspectiva de duas grandes etapas (neste projeto): colocar o prédio de pé com grande engenharia, e transformá-lo em um espaço para estudo. Para isso, o MEC liberou R$ 5 milhões de reais. Só após isso, haverá uma licitação para a reconstrução do museu — o que deverá acontecer no começo de 2019", disse o retorno. Leher salientou que o Governo Federal deverá ter recurso da Lei Orçamentária para a reconstrução do museu. "Se não entrar recurso haverá uma descontinuidade", disse. "Sabemos que temas que causam mobilização são sucedidos por outros temas e a população esquece. Nós entendemos que a LOA de 2019 tem que ter uma rubrica para a reconstrução do Museu Nacional. Seria imprudente falar de valores na reconstrução do museu. São valores grandes", afirmou.
Investigação do TCU
Perguntado sobre a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) em fazer uma auditoria para apurar se falhas de gestão contribuíram para o incêndio no Museu Nacional, que vai abranger os últimos dez anos de gestão, Leher disse que "a fiscalização do órgão é importante, pois a universidade é pública e o dinheiro investido ali precisa ser mostrada para a sociedade", disse. "Recebemos com muita serenidade e o TCU tem mesmo que investigar a verba pública", disse Leher.