Museu Nacional está interditado por tempo indeterminadoSeverino Silva / Agência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO
Publicado 07/09/2018 14:29 | Atualizado 07/09/2018 14:37

Rio - Cerca de 100 pessoas participaram nesta sexta-feira de uma missa em desagravo ao incêndio que atingiu o Museu Nacional, em São Cristóvão, no último domingo. Nenhum representante da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ou do próprio museu compareceu ao evento. 

A celebração começou às 12h na Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, no Centro, e foi oferecida pelo Padre Silmar Fernandes, pároco da igreja, em parceria com a Associação dos Amigos da Antiga Sé. A missa teve como objetivo chamar a atenção da sociedade, governos e instituições privadas a respeito da situação do local.

O trineto de Dom Pedro II, o príncipe Fernando de Orleans e Bragança acompanhou a missa e criticou a gestão da UFRJ. "Tem que ter outro tipo de gestão, e não deixar nas mãos da universidade", disse Dom Fernando.

Enquanto acontecia a missa no Centro do Rio, no Museu Nacional na Quinta da Boa Vista, o Corpo de Bombeiros teve que correr para apagar uma fumaça que apareceu nos escombros do prédio. Segundo a corporação, mesmo após cinco dias, é normal que princípios de incêndio apareçam no local.

Por ironia do destino, a Igreja Nossa Senhora do Carmo — onde aconteceu a missa — quase foi consumida pelo fogo em 2005. Naquela ocasião, uma das portas coloniais de dentro do local foi consumida pelo fogo. No entanto, as labaredas foram controladas rapidamente por funcionários. A capela também foi palco da coroação de Dom Pedro I e Dom Pedro II.

Críticas às autoridades

Durante a homilia, o padre Fernandes fez duras críticas às autoridades responsáveis por cuidar do Museu Nacional.

“Quando a nossa memória é atingida, atinge-se o nosso criador”, afirmou. “A ninguém é dado o direito da omissão. Quando (um gestor, seja ela qual for) omite, há uma consequência de seus atos nas vidas das pessoas”, completou.

O trineto de Dom Pedro II, o príncipe Fernando de Orleans, ressaltou que este é um "momento muito triste" para o país na semana em que se comemora uma data festiva, 7 de setembro, a Independência do Brasil.

“Perdemos um acervo maravilhoso pela omissão de todas essas últimas gestões. Foi uma perda incalculável para o Brasil e para o mundo”, afirmou Bragança. De acordo com o príncipe, o Brasil não vai conseguir recuperar nem a metade do que se perdeu.

“Eles podem conseguir restaurar alguma coisa, mas não aquilo que existiu. Ali tinha toda uma história... Foi a casa do governo do Império. Aquilo que se perdeu só será revisto através dos livros históricos. É lastimável”, disse.

De acordo com Daisy Hetzer, diretora-executiva da Associação dos Amigos da Antiga Sé, o Museu Nacional deveria estar “nas mãos de empresas público-privada. Desta forma você consegue trazer mais recursos para esses locais. O Museu Nacional sob administração da UFRJ está engessado. As verbas não são carimbadas e acabam sendo utilizadas para outras finalidades”, afirmou.

Parentes da família real, que ainda estão no Brasil, deverão ceder algumas obras para o Museu Nacional. Dom Fernando comentou a promessa feita por seu primo dom João Henrique de Orleans e Bragança, conhecido como dom Joãozinho, que durante uma visita Quinta da Boa Vista disse que a família real poderá ceder parte de seu acervo histórico para a recomposição do Museu Nacional. Dom Fernando não gostou muito da ideia do primo. "Só posso louvar essa iniciativa, mas a família real foi embora pobre e continua pobre. Nós temos que trabalhar para sobreviver (no Brasil)", falou.

 

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