Rio - O número de mortes em decorrência de intervenções policiais, antes conhecidos como autos de resistência, cresceram 150% em agosto de 2018, em relação ao mesmo mês de 2017, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP).
Segundo o ISP, foram registradas 175 vítimas de homicídio em agosto deste ano. Em relação a julho de 2018, foram 36% a mais. No entanto, nos últimos três meses foram 100% a mais de vítimas em relação ao mesmo período de 2017, ainda de acordo com o levantamento.
Para o sociólogo Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio (Uerj), o aumento da mortes em decorrência de intervenção policial vem sendo um padrão dos últimos meses, cada vez mais marcante.
"No momento atual, isso vem sendo estimulado pelas falas dos interventores, que tem manifestado, por exemplo, a inclinação a mudar a contabilidade e não contar esses casos como homicídios em decorrência de intervenção policial, que é a definição legal, e também tem manifestado que na medida que a polícia opera vão acontecer casos desse tipo", afirma o sociólogo.
Outro elemento importante, segundo Cano, é que o Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, uma sentença de cumprimento obrigatório. "Entre as determinações da Corte está um plano para diminuir a letalidade policial no Rio de Janeiro. No entanto, os interventores agem como se as leis não existissem. Eles são omissos em relação a isso e estão, inclusive, favorecendo", completa o pesquisador.
Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança (Seseg), responsável pelas polícias Civil e Militar, informou que está analisando os dados de agosto do Instituto de Segurança Pública (ISP). "A análise preliminar mostra que o crescimento do número de óbitos decorrentes de intervenção policial está relacionado à recuperação da capacidade operacional das polícias e à atuação das forças de segurança na mancha criminal para coibir os delitos, com base em dados de inteligência e por meio do ISPGeo – ferramenta do ISP de análise georreferenciada para as polícias", diz a pasta no texto.
"Diante desse cenário, um dos fatores preponderantes para o aumento de óbitos decorrentes de intervenção policial tem sido provocado pelo comportamento irracional e beligerante dos criminosos, que, mesmo em inferioridade numérica e bélica, enfrentam os agentes da lei", completa a Seseg.
Roubos de carga caem 20% em agosto, diz ISP
O mês de agosto apresentou mais uma queda para os crimes de roubo de rua em comparação com o mesmo período de 2017: caiu 16%. A Área Integrada de Segurança Pública (AISP) 20 (Nova Iguaçu, Mesquita e Nilópolis) liderou a diminuição com 456 ocorrências a menos.
Foram registradas 673 ocorrências de roubo de carga no estado, número que representa diminuição de 20% em relação ao mesmo mês em 2017. A taxa reforça o padrão de queda registrado em abril (-14%), maio (-39%), junho (-23%) e julho (-19%), todos comparados com seus respectivos correspondentes em 2017.
O roubo de veículos também sofreu diminuição, em agosto de 2018, de 15% em comparação com o mesmo período do ano passado. A observação dos últimos três meses demonstra reduções em relação ao mesmo período do ano passado (-19%) e ao trimestre anterior neste ano (-21%).
De acordo com o órgão, agosto foi o mês com o maior número de armas apreendidas desde maio de 2017: 823 unidades retiradas das ruas, 10% a mais do que o período correspondente no ano passado. Os registros de homicídio doloso apresentaram queda de 10% em relação ao mesmo período do ano passado, assim como redução de 12% em comparação com julho de 2018.