Rio - Pelo menos 50 advogados ligados à Ordem dos Advogados do Brasil de Volta Redonda, no Sul do estado (OAB-VR), participaram agora há pouco, sob chuva, de um desagravo público na porta do Fórum local, em respeito às prerrogativas da profissão. O ato foi realizado em defesa da advogada Valéria Lúcia dos Santos, de 48 anos, de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, que no dia 10 foi algemada por policiais durante uma audiência.

“O que ocorreu com nossa colega Valéria Santos foi um atentado contra toda a Advocacia Brasileira. Portanto, devemos nos permanecer unidos para mostrar nossa força e lutar para que nossas prerrogativas não sejam mais desrespeitadas. Prerrogativa é um direito nosso e um dever de todos. Faça sol ou chuva, nada tira o nosso compromisso na defesa da nossa dignidade profissional”, justificou o presidente da OAB-VR, Alex Martins.

Valéria Santos defendia uma ré em audiência no 3Juizado Especial Criminal em Duque de Caxias quando se desentendeu com a juíza leiga (considerada juíza auxiliar) Ethel de Vasconcelos, responsável pelo caso. A advogada queria ter sua demanda ouvida, para ser apreciada pela juíza, e disse que não iria se retirar do local enquanto isso não acontecesse. Ethel resolveu dar a sessão como encerrada, deixando-a indignada. Em seguida, conforme vídeos feitos por pessoas que assistiam a audiência, Valéria foi algemada e arrastada por policias para fora da sala.

A OAB-RJ agiu em desfesa de Valéria. Nas redes sociais, suposto racismo contra a advotada, que é negra, foi um dos comentários que mais se dedicaram nos comentários dos vídeos, que vitalizaram. A OAB-RJ exigiu o imediato afastamento da juíza e punição para ela e para os policiais envolvidos. Segundo a OAB-RJ, no dia seguinte ao fato, o presidente da Comissão Estadual de Prerrogativas da instituição, Luciano Bandeira, pediu a instauração de processo interno, no Tribunal de Ética e Disciplina da instituição, para apuração dos fatos. Uma audiência será realizada para ouvir as partes.