Rio - Os corpos de Maria Luzia da Silva, 69, Ana Clara da Silva Castro e Ana Carolina da Silva Castro, 7 e 6 anos, que foram mortas na madrugada de sábado na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, foram enterrados no final da tarde desta segunda-feira no Cemitério do Pechincha a poucos quilômetros de onde o triplo assassinato aconteceu. Abalados, familiares não quiseram falar com a imprensa.
Cerca de 70 pessoas estiveram no local e prestaram as últimas homenagens à “Tia Luzia”, como era conhecida, e às crianças. De acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML), pelas marcas encontradas no corpo da idosa, ela teria entrado em luta corporal com o criminoso antes de ser morta. Os corpos das três vítimas foram encontrados na sala da residência onde dona Maria morava.
Segundo amigos e parentes das vítimas, uma tragédia maior poderia ter acontecido. É que outras duas netas de dona Maria Luzia iriam dormir na casa dela no dia do crime. No entanto, foram levadas para a casa de uma das filhas da idosa.
Nos próximos dias a Delegacia de Homicídios (DH) da Capital ouvirá outros parentes e vizinhos de Maria Luzia. A DH tenta descobrir quem praticou esse crime brutal e como os assassinatos aconteceram sem que ninguém tenha ouvido gritos ou pedidos de socorro. A dificuldade dos investidores é que o local não tem câmeras de segurança e ninguém viu ou ouviu nada. Até o momento, nenhuma linha de investigação foi afastada pela Polícia Civil. No entanto, duas hipóteses ganharam força entre os policiais: latrocínio (roubo seguido de morte) e crime passional.
De acordo com a líder comunitária Cláudia Cristina Moraes, dona Maria Luzia era uma das moradoras mais antigas da favela e era querida por todos. “Toda a comunidade está em choque com tudo que aconteceu. Não entendemos o motivo dessa brutalidade”, contou. “Pedimos justiça e que esse crime não fique sem solução”, completou.
Suspeito passa por 'tribunal do tráfico' após assassinato
Um homem acusado de ter matado avó e duas netas foi pego por traficantes na comunidade na tarde deste sábado. Por ter ferimentos no corpo, os criminosos achavam que ele teria participado e sido ferido durante uma luta corporal com dona Maria Luzia. Após passar por um "tribunal", o homem conseguiu "provar" que não tinha ligação e mostrou que os ferimentos eram antigos. Só então, após ficar horas amarrado, foi liberado pelos bandidos.
Esse fato aconteceu após moradores da comunidade criarem nas redes sociais um grupo para tentar encontrar quem matou avó e netas. Em outro episódio no sábado, após descobrirem que um homem estaria internado no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, com ferimentos, moradores da CDD foram até lá. No entanto, ao falarem com funcionários, descobriram que a informação era falsa.