Rio - Quarto colocado nas pesquisas, Indio da Costa (PSD), de 47 anos, é o entrevistado desta quinta-feira da série do DIA com os candidatos ao governo do Rio. Na reta final da campanha, decidiu apostar no tudo ou nada para conquistar o eleitorado de Jair Bolsonaro. Apesar de declarar voto no presidenciável do PSL, é ignorado pelo capitão da reserva e sua família. O PSD apoia Geraldo Alckmin (PSDB).
Isolado, sem apoio de partidos, Indio diz que, se eleito, priorizará a segurança pública, mas sem a presença das Forças Armadas. O deputado federal disse também que adotará o ensino técnico profissionalizante nas escolas da rede em parceria com empresas para estimular o primeiro emprego. Atacou ainda Sérgio Cabral e Eduardo Paes, ex-aliados.
O DIA: O senhor diz votar em Jair Bolsonaro a presidente. Seu partido apoia Geraldo Alckmin. Não fica constrangido?
Indio da Costa: Ficaria constrangido de ver o Fernando Haddad (PT) presidente e o Lula, de dentro da cadeia, mandando no Brasil.
Mas o Bolsonaro não pede voto para nenhum candidato a governador. É estratégia para atrair os eleitores dele?
Pensei em votar no Alckmin. Até que alguns fatores me fizeram mudar de opinião. Ele se aliou com o Centrão e replicou o modelo aqui. Não dá para votar em presidente da República que apoia a quadrilha no Rio. O Bolsonaro tem sido muito claro na preocupação dele com segurança. Há ainda a possibilidade do Haddad ir para o segundo turno.
O Bolsonaro não declarou apoio a você.
Não tenho aliança. Mas vou fazer campanha para ele. Não tenho nenhum tipo de constrangimento.
Qual será a prioridade do governo, caso eleito?
Segurança. Quero reestruturar as polícias Civil, Militar, Técnica e Penitenciária. Entender os problemas e resolver. Não vai faltar dinheiro. O governo arrecadou este ano R$ 47 bilhões. Embora a dívida seja grande e as dificuldades também, a segurança é a única possibilidade de destravar a economia. Com isso, haverá investimentos e mais empregos.
Tomará alguma medida de imediato?
Se alguém prometer que resolverá o problema em 24 horas, mente. Há 36 anos, vi uma série de lorotas no Rio. Igual a do Eduardo Paes (candidato do DEM), que, sob o comando dele, diz que vai determinar o que farão as Forças Armadas. Olha o artigo 142 da Constituição. É proibido. O único que pode coordená-las é o presidente da República. Ele está mentindo porque viu na pesquisa que isso dá voto.
Pedirá ajuda às Forças Armadas? Como deputado federal, o senhor votou a favor da intervenção, mas declarou ser contra.
Não vou pedir. A intervenção deveria ter sido feita no governo, afastando o Pezão. No meu governo, a segurança será a espinha dorsal, com desenvolvimento econômico, além de saúde e educação. Não tenho essa grande aliança que destruiu o Brasil com o PT e, no Rio, com Cabral. O Eduardo Paes me convidou para ser o vice. Propôs que, em 2020, eu assumisse como governador, com ele disputando a prefeitura. Ou eu seria o candidato dele a prefeito. Neguei. Teria de engolir o PMDB.
Mas procurou os partidos da aliança do Paes.
O que eles queriam? Lotear delegacias, secretarias, diretorias de hospitais...
Em 2016, no segundo turno, o senhor apoiou o prefeito Marcelo Crivella (PRB), que está com o Anthony Garotinho (PRP). Se arrependeu da aliança?
Havia duas hipóteses: Marcelo Freixo (Psol) e Crivella. O Psol passa a mão na cabeça de bandido. Fiquei sem opção. Não foi aliança. Tanto que ele apoia o Garotinho. Crivella me convidou para trabalhar. Deu todas as condições. Em um ano (como secretário de Urbanismo, Infraestrutura e habitação), dei uma grande contribuição para a cidade. Não me arrependo.
Mas esperava o apoio do PRB e da Universal.
Não havia acordo. Antes da reunião (entre Crivella e pastores, no Palácio da Cidade) com a Márcia (da Rosa Pereira Nunes, então assessora da prefeitura), o PRB disse, em Brasília, que me apoiaria. Depois da reunião, preferi não ter o apoio.
Por quê?
Por mais que o tempo (de programa eleitoral) de televisão pudesse me ajudar, não posso defender aquilo que eu não concordo.
Paulo Fernando Pinto, ex-assessor do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), disse, em delação premiada na Lava-Jato, que o senhor pediu dinheiro de caixa dois para a campanha.
É mentira. De fato, nunca vi essa declaração. Vi uma nota no jornal. Não recebi dinheiro de ninguém. Portanto, é mentira.
Hudson Braga, ex-secretário de Obras do governador Luiz Fernando Pezão, fez uma proposta de delação na qual diz que o senhor pediu R$ 30 milhões para apoiar a reeleição.
É mentira. Conversa para boi dormir. Sou adversário dessa turma. A última coisa que Cabral, Picciani, Eduardo Cunha, Paulo Mello, Hudson, querem é que eu seja governador.
O senhor fez parte dos governos do PMDB.
Nunca roubei. E nunca deixei roubar. Não há processos em meu nome. Não respondo a nenhum inquérito. Nos governos, trabalhei para toda a sociedade. Não fui roubar para o Sérgio Cabral dar joia para madame. Não fui para financiar caixa dois de campanha eleitoral.
Na prefeitura, o senhor usou o helicóptero 21 vezes. Diz que foi a trabalho, mas participou de eventos de pré-campanha.
Não foi nenhum evento de pré-campanha. Usei helicóptero a trabalho e teria usado novamente.
Mas deu entrevista a uma rádio em Cabo Frio.
Foi uma entrevista de uma hora e ele (radialista) me perguntou se eu tinha o sonho de ser governador.
Escolas têm problemas de infraestrutura. Faltam professores. Como resolver?
Em vez de construir escolas do amanhã, museus ou coisas do gênero, farei com que as escolas de hoje funcione. O problema é a evasão escolar. Vou adotar o ensino técnico profissionalizante nas escolas. A nova legislação federal me dá o direito. Farei convênio com as empresas próximas dessas escolas. Será a ponte para o mercado de trabalho.
E na Saúde?
Não roubando e não deixando roubar. O governo do estado deveria, por lei, investir 12% do orçamento. Só investe 6%. Vou dobrar os recursos até porque é constitucional. Depois, vou avaliar contratos, fazer auditorias. As nomeações na Saúde têm sido políticas.
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