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Em depoimento a procuradores federais no dia 22 de agosto, o ex-PM Orlando de Oliveira Araújo, o Orlando Curicica, afirmou ter sofrido pressão da Polícia Civil do Rio para assumir que matou a vereadora Marielle Franco (Psol). Esse foi um dos motivos que levaram a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter solicitado à Polícia Federal apuração de possíveis omissões na investigação. O pedido da PGR considerou indícios de má conduta e falta de isenção no caso.

A investigação da PF foi aberta na quinta-feira. No documento, obtido pela TV Globo, a PGR afirma que o depoimento de Curicica e de outra pessoa mantida sob sigilo, em 15 de setembro, apontam a atuação de milícias, proteção policial ilegal a criminosos, existência de organização criminosa formada por agentes públicos e integrantes do jogo do bicho e possível desvio de conduta de policiais do Rio. Orlando está preso em Mossoró (RN) desde junho e é um dos principais suspeitos pelas mortes de Marielle e do motorista Anderson Gomes. Ele nega a participação no crime.

A PGR suspeita que esse cenário pode explicar a demora na elucidação do crime. Para o órgão, é suspeito um crime registrado por câmeras e visto por testemunhas não ter sido desvendado desde 14 de março, inclusive porque Marielle denunciava violência policial.

O inquérito da PF vai investigar organização criminosa, coação no curso do processo, fraude processual, favorecimento pessoal, patrocínio infiel (trair, na condição de advogado ou procurador, o dever profissional), exploração de prestígio (obter para si ou outrem vantagem no exercício da função), falsidade ideológica e eventual corrupção.

Ontem, entidades representativas dos delegados do Rio criticaram a investigação paralela da PF. A Polícia Civil não comentou o teor do documento da PGR.

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