Rio - A Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) e da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação demoliram, na manhã desta sexta-feira, a estrutura do projeto social De Olho no Lixo, na Rocinha, Zona Sul do Rio.
Atuando na Rocinha desde 2016, o De Olho no Lixo realiza o trabalho de manejo correto dos resíduos sólidos, com o objetivo de minimizar o impacto negativo provocado pelo lixo na localidade, tendo retirado. De acordo com a SEA, desde maio de 2016 até o presente momento, foram recolhidos 3,4 mil litros de óleo de cozinha reciclado e 888 toneladas de resíduos sólidos em pontos estratégicos da comunidade.
O projeto também conta com uma classe de alfabetização para adultos e aulas de inglês para os cooperados. De Olho no Lixo é resultado da cooperação técnica entre a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA), Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e o Viva Rio Socioambiental, com recursos da Associação dos Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj).
De acordo com a Seop, a estrutura era irregular e a força-tarefa contou com equipes da Subsecretaria de Operações, da Guarda Municipal e da Coordenadoria de Fiscalização de Estacionamentos e Reboques, ligadas à Seop, além de garis da Comlurb. A Polícia Militar também apoiou a ação.
Em nota, SEA e o Inea informam que não receberam solicitação ou notificação no sentido de cessão do espaço para a Prefeitura do Rio. O órgão estadual ambiental, junto com a Secretaria de Estado do Ambiente tomarão as medidas legais cabíveis para a permanência do projeto no local.
"A SEA e o Inea lamentam profundamente a forma violenta dispendiosa ocorrida hoje na comunidade da rocinha levando surpresa e medo aos moradores do local", declararam as instituições no texto.
Além da coleta de lixo, realizada por 30 agentes socioambientais, o projeto também atua no eixo da educação ambiental, cultura e comunicação, através dos cursos Funk Verde, com oficinas de percepção sonora confecção de instrumentos musicais confeccionados a partir da reutilização de resíduos sólidos; o e Ecomoda, onde os jovens aprendem a confeccionar roupas, bolsas e acessórios reutilizando jeans usados, retalhos, banners e até CDs.
Nas aulas realizadas na Rocinha, já foram produzidos cerca de 80 instrumentos musicais e mais de 400 peças de vestuário, entre calças, vestidos, blusas, bolsas e acessórios, foram criadas.
“Amanhecemos com essa situação completamente inválida. Somos de uma instituição do Governo Estadual. O Projeto De Olho no Lixo na Rocinha tem um saldo muito positivo na área musical e da moda. Nada disso foi considerado, tampouco respeitado”, ressaltou o estilista Almir França, coordenador do curso Ecomoda.
Regina Café, coordenadora do Funk Verde, ressalta que o projeto, além da sensibilização ambiental, dá formação musical aos participantes, além da educação ambiental. “Aqui na Rocinha, já produzimos em torno de 80 instrumentos musicais, além da vasta formação humana. Formamos músicos e pessoas melhores. Temos que educar o nosso olhar para os resíduos.”, finalizou.
