Arma que feriu um policial militar que estava em serviço no mês de dezembro do ano passado - Divulgação
Arma que feriu um policial militar que estava em serviço no mês de dezembro do ano passadoDivulgação
Por Bruna Fantti

Rio - Em um ano, nove fuzis foram encaminhados para o Centro de Criminalística da Polícia Militar devido a explosões ou travamentos durante o seu uso. A manutenção inadequada e a ausência de reposição de peças desde 2007 é apontada pela fabricante Imbel como a principal razão dos acidentes.

O último registro de explosão ocorreu no dia 12 desse mês. O fuzil de um PM explodiu quando ele trocava tiros com traficantes da comunidade Bin Laden, no Complexo da Pedreira, na Zona Norte. O agente teve ferimentos na mão e no rosto e foi levado para o Hospital Central da PM, e liberado.

Para contornar a situação, o Gabinete de Intervenção Federal doou 500 fuzis calibre 556 para a corporação em outubro. As unidades foram distribuídas para batalhões da capital e da região metropolitana que mais apresentam confrontos.

Entre as unidades que receberam novas unidades está São Gonçalo, que há um ano apresentou um acidente do tipo. Em dezembro de 2017, um policial ficou ferido após o fuzil estourar durante uma troca de tiros com dois homens armados em uma moto em Jardim Catarina, São Gonçalo. A perícia apontou que uma a fixação do eixo da sua coronha rebatível foi improvisada com uma tira de borracha, provocando a explosão.

A doação do GIF ocorreu após a corporação fazer pesquisa de preços para a compra de fuzis e explicar os motivos. Entre os argumentos apresentados estavam o desafio de promover a segurança com fuzis sem manutenção; o alto número de armas apreendidas após mortes em confronto e a maior demanda de operações no período.

"A PMERJ vem enfrentando dificuldades para garantir e preservar a segurança dos cidadãos residentes no Estado do Rio de Janeiro, pelo fato da vida útil dos fuzis estar debilitada devido ao uso contínuo no serviço diário o qual é demandado para a mesma", diz trecho do documento.

A última compra de peças de reposição pela PMERJ ocorreu em 2007, de acordo com o Portal de Transparência do governo. A falta da aquisição de peças foi confirmada pela fabricante Imbel. "Não existem registros de aquisições recentes de peças o que indica a expiração da vida útil dos diversos componentes do armamento submetido ao uso constante sem a devida manutenção", afirmou.

Para piorar a situação do déficit de armamentos, o número recorde de mortes em confrontos acarreta mais fuzis apreendidos pela Polícia Civil para a realização de perícia.

Armas são apreendidas para perícia após morte em ação 

De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP) houve um aumento de 30% das chamadas "mortes em decorrência de intervenção policial" no mês de outubro deste ano em relação ao mesmo mês de 2017.

Somente nos dez primeiros meses deste ano foram registradas 1.308 mortes do tipo, contra 917 do período anterior. A PM é responsável pela maioria das mortes.

Para cada morte nessas circunstâncias, pelo menos um fuzil é apreendido para realização de perícia e devolvido à corporação dentro de três meses, caso o Ministério Público vislumbre legítima defesa do agente.

Procurada, a corporação não se manifestou sobre o assunto.

 

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