Além das pistolas, policiais também apreenderam munição encontrada com os bandidos na sexta-feira
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Além das pistolas, policiais também apreenderam munição encontrada com os bandidos na sexta-feira Divulgação
Por Aline Cavalcante e Marina Cardoso

Rio - Insegurança e medo viraram rotina para quem trafega pela Rodovia Presidente Dutra (BR-116). Por dia, em média 44 mil automóveis passam pela via. Neste ano, foram roubados ali 346 veículos. Só em 48 horas, no trecho entre São João e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foram registrados dois tiroteios e dois arrastões, que resultaram em três mortos e seis feridos. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o efetivo não é suficiente para atender toda rodovia.

No sábado, O DIA flagrou a perseguição, na Dutra, de PMs a bandidos que haviam roubado um carro. O pedreiro Edson Marques de Lima, de 33 anos, ficou em meio ao fogo cruzado com a filha de 4 anos. A cena aconteceu com o dia ainda claro, em Agostinho Porto, em São João de Meriti. "Foi assustador, aconteceu tudo muito rápido e me vi no meio do tiroteio. Minha maior preocupação era que eu estava com a minha filha no carro. A gente vê esta cena acontecer o tempo todo aqui, mas não espera que um dia será com a gente. Graças a Deus foi só um grande susto e ficamos bem", desabafou.

A analista de sistemas Marcelle Caroline, 23, também viveu momentos de terror na Via Dutra. Ela era uma das passageiras do ônibus atingido por um tiroteio, que resultou na morte do motorista Carlos Alberto Araújo, 52, na última sexta-feira, em Nova Iguaçu.

"Passei pela roleta, parei ao lado do motorista, pois ia descer no próximo ponto. Foi quando ouvimos barulhos muito fortes e o vidro lateral quebrou em cima da gente. Vi que ele tinha sido atingido porque vi sangue. Ele ainda conseguiu parar o ônibus antes de cair já morto. Foi a cena mais triste e horrível de toda a minha vida", relembrou. Ela contou que já foi assaltada na rodovia, dentro do ônibus, mais de uma vez. "Infelizmente, isso acontece o tempo todo. Assaltos viraram rotina na Dutra".

Em nota, a PRF informou que, por medida de segurança, não divulga o efetivo empregado na rodovia. Informa que o número de agentes que faz patrulhamento em todo o estado é de 840 policiais. Com o histórico de ocorrência de crimes na Dutra, o contingente foi acrescido, mas por conta das peculiaridades do Rio, como o uso de fuzis e outras armas, são necessários muitos agentes mais para conseguir coibir os crimes nas rodovias federais.

"Ainda pode-se dizer que o número de policiais que temos não é o ideal, mas com o concurso que está em andamento para 500 vagas de agentes rodoviários, nós esperamos que venha um reforço para o estado até o segundo semestre do ano que vem", explica o porta-voz da PRF no Rio, o inspetor José Hélio Macedo.

O Gabinete de Intervenção Federal, que disponibiliza as Forças Armadas para atuar no combate à onda de criminalidade, não se pronunciou sobre a atuação do efetivo de segurança nas rodovias do estado.

Policiamento de menos, medo e tensão de sobra
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O DIA percorreu a Via Dutra, na tarde de sábado, no trecho que corta as cidades de São João de Meriti, Belford Roxo e Mesquita, até o bairro de Comendador Soares, em Nova Iguaçu, e nenhuma blitz ou ronda policial foi vista. Os passageiros nos pontos de ônibus estavam assustados, principalmente com a violência dos últimos dias.
"Quando chega notícia de tiroteio ou assalto meu medo aumenta porque podia ser eu. Já vivi esta situação e quase todos que conheço já foram assaltados na Dutra. Me pergunto como isto pode ser tão corriqueiro em uma via tão importante", relatou a analista de Recursos Humanos Roberta Souza, 35.
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Quem trabalha na rodovia também vive uma rotina de medo. "Já presenciei muito assalto e tiroteio. Isso já é normal aqui. A gente tem medo, mas não tem o que fazer, porque temos que trabalhar. Falta policiamento para que a gente se sinta mais seguro", disse um despachante que não quis se identificar.
Amanda Souza, 21, moradora de São João de Meriti critica o fato da polícia aparece somente depois de episódios de violência. "Vejo pouco policiamento. Depois dos arrastões, vi algumas viaturas passando, mas o ideal seria que as viaturas ficassem nos pontos de ônibus".
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Arrastões são constantes
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Por volta das 15h de ontem, a PRF foi acionada por conta de um arrastão próximo ao Posto 13, em Nova Iguaçu, mas nada foi encontrado. Perto dali, no bairro Jardim Tropical, na sexta-feira, o motorista Carlos Alberto de Araújo foi morto após ser baleado em uma troca de tiros entre bandidos e agentes da PRF. Na ação, um menor, apontado como integrante do bando, também morreu.
Na noite de sábado, oito criminosos em dois carros fizeram um arrastão na região por volta das 21h20. Ninguém foi preso.
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No mesmo dia, por volta das 17h, um carro ocupado por criminosos colidiu com o de Edson, citado na reportagem. Os bandidos atiraram contra a viatura da PM e houve confronto. Três criminosos foram detidos e um morreu no local.
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