Monumento Zumbi dos Palmares, Avenida Presidente Vargas, Centro - Daniel Castelo Branco
Monumento Zumbi dos Palmares, Avenida Presidente Vargas, CentroDaniel Castelo Branco
Por Marina Cardoso

Rio - A homenagem ao Dia da Consciência Negra começou cedo nesta terça-feira. Mesmo com chuva, os cariocas se reuniram em frente ao Monumento do Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio, para celebrar a data. Por volta das 5h, a homenagem teve início com uma roda de capoeira e uma queima de fogos, além da lavagem do busto de Zumbi pelas baianas.

Um grupo de afoxé e o Bloco Barra Vento fizeram apresentação para homenagear Zumbi, um dos principais líderes na resistência contra a escravidão no país. O evento foi realizado pelo Conselho Estadual dos Direitos do Negro (Cedine).

"Hoje, nós celebramos todo nosso axé, resistência e força de combate ao racismo, intolerância religiosa e qualquer forma de perseguição. A nossa reversão contra o racismo é o amor e a nossa união", disse Luis Eduardo Negrogun, presidente do Cedine.

Um dos momentos mais aguardados foi o cortejo em homenagem à Tia Ciata, considerada por muitos uma das figuras mais influentes para o surgimento do samba carioca. Por volta das 11h, o cortejo, que já acontece há quatro anos, trouxe dançarinos e demais artistas se performando. 

Dançarinos e artistas se performando em homenagem à Tia Ciata - Daniel Castelo Branco

Mestre Cotoquinho, um dos organizadores do evento "Terreirão - Consciência e Resistência", evento gratuito no Terreirão, disse que a festa é para todo o carioca. “A celebração começou cedo aqui na estátua de Zumbi e vai se estender com os shows mais tarde. É um evento para todos. Mesmo com a chuva, as pessoas estão aqui e espero que venham para os shows para lembrar essa data tão importante".

Durante a tarde, o público pode assistir apresentações de grupos de samba, funk e baile charme, além de ter a oportunidade de ver expositores de moda, artesanato, culinária, oficina literária e desfile de moda afro. 

A aposentada Dulcineia Rodrigues, 84 anos, participou da homenagem no Centro do Rio. Ela disse que sempre celebra o dia de Zumbi em frente ao monumento. “Venho todos os anos, pois esse dia é para lembrar da minha cor, minha religião. E e esse evento aqui representa isso, é para nós”, disse a aposentada emocionada durante o cortejo.

A assistente social Dulcineia Rodrigues, 53 anos, foi até o evento no monumento pela primeira vez. "Gostei bastante, pois além de tudo é um evento ecumênico, com religiosos da Igreja Messiânica. Ao mesmo tempo o Dia de Zumbi me faz lembrar que muitos negros não têm consciência da importância da data e da sua existência no mundo", desabafa. 

Roda de samba 

Em Madureira, o feriado é marcado por uma grande festa comandada pelo Projeto Criolice. Durante o dia, o público pode assistir rodas de samba e de jongo, com a bateria do Império Serrano, além de palestras e exposição de moda, culinária, artesanato e até uma barbearia montada no evento. 

Vander de Araujo, um dos organizadores do projeto, diz que a proposta é divulgar o samba e também empregar os colaboradores. "Estamos com o Criolice há oito anos. Além das rodas de samba, queremos promover trabalho para os expositores. Hoje, estamos com 16 expositores mostrando seus respectivos artesanatos e comidas". 

Ainda segundo ele, organizar o evento no dia de Zumbi é o melhor significado de representação do projeto. "Para nós, a data é uma das mais importantes no nosso calendário, pois é simbólico e nos lembra a situação do negro que não tinha direito. E, hoje, a passos pequenos nós precisamos nos afirmar e falar que somos iguais", afirma. 

Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. PROJETO CRIOLICE no Viaduto de Madureira, Madureira -Rio de Janeiro. Foto: Daniel Castelo Branco / Agência O Dia. - Daniel Castelo Branco

As irmãs Silvana Vieira, 44 anos, e Monica Carvalho, 32 anos, são uma das expositoras do projeto. As duas têm uma marca que vendem turbantes de todos os tamanhos e cores. "Começamos a expor ano passado no Criolice. É muito bom, pois é um ambiente familiar, com diversidade de pessoas", explica Silvana. 

Outro expositor é Maicon William, 26 anos, que tem uma marca de roupas, a Atitude Negra. "Expor aqui representa a preservação da nossa cultura e nos faz lembrar as nossas matrizes africanas. É a histórica da nossa cor viva", disse. 

 

Você pode gostar