Rio - Boa parte dos crimes cometidos contra as crianças e adolescentes no ano passado foram praticados por familiares e conhecidos das vítimas, segundo a 4ª edição do dossiê do Instituto de Segurança Pública (ISP), lançado nesta sexta-feira. De acordo com o estudo, os familiares foram os autores de 47% das agressões físicas e dos crimes de ameaça e constrangimento ilegal, de 40% dos crimes de violência sexual e 38% dos crimes de violência moral.
Informações do dossiê apontam que as formas de violência com maior participação de vítimas crianças e adolescentes são violência sexual (59%) e periclitação da vida e da saúde (49%). O estudo reúne os principais crimes relacionados à violência contra o público infantojuvenil no estado em 2017 e analisa a vitimização de crianças e adolescentes em suas diversas formas: física, sexual, moral, psicológica, patrimonial e periclitação da vida e da saúde.
De acordo com o ISP, esta edição apresenta uma análise especial com um perfil das vítimas de letalidade violenta, o comportamento temporal dos homicídios e os seus delitos associados. Acompanhando a tendência nacional, o estado do Rio de Janeiro também registrou um aumento de letalidade violenta contra crianças e adolescentes nos últimos anos.
Nas mortes violentas, 90,5% dos adolescentes e 51,9% das crianças foram mortos por disparo de arma de fogo. A letalidade contra o grupo tende a se intensificar à medida que nos aproximamos de uma área sujeita ao controle ilegal do território.
Segundo o ISP, os dados organizados no dossiê reforçam a necessidade de campanhas para informar a população de situações em que crianças e adolescentes tiveram seus direitos ameaçados ou violados, além de divulgar os canais disponíveis para o encaminhamento de denúncias que possam prevenir ou combater tais ameaças ou violações.
Pela primeira vez o Dossiê Criança e Adolescente, com o objetivo de aprimorar ainda mais as informações sobre violência sexual, e atendendo aos atuais enfoques da sociedade brasileira, analisou o ato obsceno e a importunação ofensiva ao pudor. Em 2017, 225 crianças e adolescentes denunciaram o crime de importunação ofensiva ao pudor nas delegacias do estado e, outras 45, o ato obsceno.