Pezão está preso na Unidade Prisional da PMMárcio Mercante/Agência O Dia
Por ADRIANA CRUZ e WILSON AQUINO
Publicado 01/12/2018 03:00 | Atualizado 01/12/2018 09:50

Rio - Quando estava prestes a passar o comando do governo do estado para Luiz Fernando Pezão, em 2014, Sérgio Cabral orientou Carlos Miranda a escrever a lista de pessoas que eram beneficiadas com ‘compromissos’. Ou seja: pagamento de propina mensal. Miranda preparou a relação e entregou a Cabral, que, por sua vez, a repassou para Hudson Braga e ao próprio Pezão, para que os pagamentos fossem mantidos após a transição.

A revelação faz parte da delação premiada feita por Miranda e homologada pelo ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). A colaboração dele serviu de base para a decretação da prisão do governador do Rio, ocorrida na manhã de quinta-feira.

Segundo Miranda, a folha de pagamento mensal dos 'compromissos’ com políticos girava em torno de R$ 1,5 milhão. Quase onze vezes maior do que a folha de pagamento com funcionários públicos que recebiam ‘extras’ de Cabral, que era de R$ 140 mil por mês. Miranda disse ainda que todos os meses eram destinados R$ 900 mil para Cabral. A fortuna, segundo o delator, era para ser dividida entre os parlamentares da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj).

"Que na transição de governo, Wilson Carlos pediu a Paulo Melo, então presidente da Alerj, que fornecesse a relação dos deputados que recebiam vantagens indevidas mensalmente”, afirmou Miranda, garantindo que Melo entregou a relação dos deputados corruptos a Wilson Carlos, que a repassou a Hudson Braga para a manutenção dos pagamentos.

No entanto, a lista elaborada por Melo aumentava o valor da propina mensal para R$ 1,1 milhão. Miranda não soube explicar se o aumento aconteceu porque o número de deputados estaduais que recebiam suborno cresceu ou se eles passaram a receber valor maior do que era pago na gestão de Cabral. Miranda ressaltou que alguns parlamentares, independente de estarem na relação de Melo, ganhavam propina mensal diretamente de Cabral.

Ele cita os casos de André Correa, líder do Governo na Alerj, e Edson Albertassi, líder do MDB, que recebiam R$ 100 mil cada, e Coronel Jairo, então vice-presidente da Alerj, que ganhava R$ 50 mil. Os advogados de Miranda, em nota, afirmaram que “os termos de sua delação são a expressão da verdade, baseado em tudo o que ele vivenciou na época em que colaborava com o governo do estado”.

Nesta sexta-feira, o empresário Luiz Alberto Gomes Gonçalves, sócio da JRO Pavimentação, único dos acusados na Operação Boca de Lobo que não tinha sido preso, se entregou à Polícia Federal.

Advogado garante que vai entrar com recurso no STJ

O advogado de Pezão, Flávio Mirza, disse que entrará com recurso pedindo a liberdade do governador no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Caso não tenha sucesso, Mirza adiantou que pedirá habeas corpus no Supremo Tribunal Federal. Segundo ele, Pezão não se negou a responder as perguntas dos agentes federais durante o interrogatório e refutou todas acusações.

Pezão jantou uma quentinha com arroz, feijão, macarrão, salada e uma proteína não revelada (carne ou peixe) na sua primeira noite na cadeia. Ontem, acordou cedo e fez o desjejum. Comeu pão com manteiga, acompanhado de um café com leite. Depois, teve que participar obrigatoriamente do hasteamento da bandeira e ficar em forma.

A família do governador só poderá visitá-lo no Batalhão Especial Prisional, em Niterói, após ele ser avaliado por médico, psicólogo e dentista, além de ter assistência religiosa. Pezão está em uma sala de 15 metros quadrados, com cama, mesa e vaso sanitário, mas sem grades. Ele não tem direito à aparelho de TV. Mas poderá tomar banho de sol e fazer atividades físicas durante as manhãs.

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