Rio - O vereador Marcelo Siciliano (PHS) foi liberado após prestar depoimento por mais de quatro horas, nesta sexta-feira. A demora aconteceu, pois o parlamentar não queria entregar o celular à polícia. O delegado da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), Antônio Ricardo Nune, e os advogados do político negociaram por mais de duas horas para que Siciliano entregasse o aparelho. Na tentativa de convencê-lo, os policiais da especializada disseram que o mandado de busca e apreensão contra ele exigia que o aparelho fosse entregue às autoridades.
“Eu vim espontaneamente, desbloqueei meu telefone e entreguei. Eu estou à disposição para tudo e para todos. Eu, mais do que ninguém, quero a verdade nisso. Nunca me neguei a nada, desde quando fui acusado por esse bandido (Orlando Curicica que o acusou de envolvimento com o crime). Eu fui à delegacia e me deixei à disposição. Quis ter acesso aos autos e não tive acesso, através dos advogados, porque disseram que eu era testemunha. Permaneço como testemunho há sete meses e tô aqui passando vergonha, expondo minha família, expondo meus filhos. Isso é uma coisa covarde contra a verdade da morte da Marielle. Não só com a minha família, mas com a família dela”, falou aos repórteres que estavam na Cidade da Polícia.
Siciliano contou que manteve sua vida normal ao longo de toda a investigação. No segundo mês das investigações, ele chegou a ser apontado por uma testemunha como o responsável por planejar a morte de Marielle Franco e Anderson Gomes.
“Sempre estive ao lado para que a verdade aparecesse. Mais do que nunca, eu tenho certeza que vai aparecer. Minha vida está toda aí, pegaram tudo que é meu, nunca escondi nada. Mantive minha vida normal nos últimos sete meses (desde que prestou depoimento pela primeira vez na Delegacia de Homicídios da Capital) e está aí”, contou. O vereador do PHS afirmou ainda que Orlando Curicica, a testemunha que o citou na investigação, não tem credibilidade nenhuma.
Além disso, Siciliano se disse surpreendido com as buscas em sua casa “nas vésperas do fim da Intervenção Federal”. “Eu fui surpreendido com isso que aconteceu hoje cedo. Vim aqui me colocar à disposição da Justiça como fiz anteriormente quando fui acusado por uma pessoa sem credibilidade nenhuma, o processo se arrasta há sete meses desde quando fui acusado e hoje, ‘aos 44 do segundo tempo’, quando a Intervenção (Federal) está para acabar, eles fazem uma busca na minha casa”, esbravejou o vereador, afirmando que não tem envolvimento com qualquer tipo de crime. “Não tem acusação contra mim. Eu nunca participei de grilagem, nunca participei de nada”, finalizou.
A Polícia Civil cumpriu um mandado de busca e apreensão no gabinete do vereador na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e em seu apartamento na Barra da Tijuca. Foram apreendidos tablets, computadores, documentos, arquivos de mídia como HD externo e CD, um cofre e seis celulares, sendo cinco do parlamentar e um de sua esposa.
A mulher dele, Verônica Barbosa Garrido, também foi ouvida pela polícia hoje, e deixou a Cidade da Polícia às 13h51 sem falar com a imprensa.
A operação de hoj foi realizada pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) e do Ministério Público do Rio (MP-RJ) contra grilagens de terra, que teria motivado a morte da vereadora.