Voluntários do grupo Anjos da Montanha percorreram a cachoeira - Estefan Radovicz / Agência O Dia
Voluntários do grupo Anjos da Montanha percorreram a cachoeiraEstefan Radovicz / Agência O Dia
Por FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - Bombeiros e voluntários encerraram na noite desta segunda-feira as buscas por supostas pessoas desaparecidas num raio de sete quilômetros de extensão da Cachoeira Paraíso Perdido, em Itatiaia, no Sul do estado, após ter o resgate de dois corpos. Júlia Machado Miranda, de 19 anos, e aposentado José Geovani Soares, 55, morreram no final da tarde de domingo, em consequência de uma cabeça d`água formada por chuva de 10 milímetros no alto do Parque Nacional de Itatiaia.

O fenômeno ocasionou o aumento súbito de três metros do leito do Rio Campo Belo. O corpo de José foi resgatado no final da noite de domingo e o de Júlia, na manhã desta segunda. Mas somente cerca de seis horas depois, resguardado por policiais da 2ª Cia do 37º BPM (Resende), é que foi levado por um rabecão para o Instituto Médico Legal (IML).

"Essa demora é inaceitável e só aumenta nosso desespero e dor", lamentou o pai da jovem, Divaldo Miranda, 53. Só no final da tarde é que o IML liberou o corpo para sepultamento, em Barra Mansa, onde morava. Segundo testemunhas, o namorado de Júlia, que sonhava em ser esteticista, tentou salvá-la, segurando-a pelo braço, mas a força da correnteza foi maior.

O corpo de José foi levado para Arapeí, em Bananal (SP). De acordo com parentes, que classificaram o corrido como "fatalidade", José nadava há anos na mesma cachoeira.

Alertas que evitam tragédias

Bombeiros e agentes da Defesa Civil de Resende e Itatiaia decidiram suspender as buscas, depois de constatar que ninguém tinha comparecido à 99ª DP (Itatiaia) para registrar supostos sumiços de parentes. Desde domingo, boatos nas redes sociais davam conta de até oito vítimas fatais.

De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, alguns rios, como o Campo Belo, localizados na base de regiões de serra, estão sujeitos ao fenômeno climático denominado cabeça d`água. O aumento repentino do volume dos leitos arrasta pessoas e provoca mortes. A alteração é provocada por fortes e densas chuvas "rio acima" (no alto da montanha), mesmo com tempo bom e sol "rio abaixo" (no local de banho).

A corporação alerta para eventuais sinais de uma cabeça d'água, entre eles, barulhos (estrondos) provenientes de colunas d`água de encontro a rochas e galhos; mudança na cor da água; aumento do nível e velocidade de escoamento do rio em poucos segundos; chegada de detritos e sedimentos como folhas, galhos e ramos, e observação de nuvens escuras nos altos das montanhas.

Ainda segundo o Corpo de Bombeiros, não são aconselháveis banhos em pontos isolados. Os banhistas também devem obedecer a alertas de placas que indicarem perigos e dar prioridades para locais com salva-vidas por perto.

 

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