Rio - O carro em que estava a deputada estadual e delegada Martha Rocha foi alvo de tiros na manhã deste domingo na Penha, na Zona Norte do Rio. De acordo com informações do 16º BPM (Olaria), o crime aconteceu na Rua Belizário Pena, próximo à Avenida Brasil. O carro foi fechado por um outro veículo, com quatro homens armados com fuzis, usando luvas e encapuzados. O governador Wilson Witzel determinou empenho na investigação e voltou a chamar criminosos de "terroristas". O secretário da Polícia Civil disse que nenhuma hipótese está descartada na investigação.
Houve troca de tiros e o motorista da delegada, subtenente reformado da PM, identificado como Geonisio Medeiros, foi baleado na perna. Ele foi levado para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, também na Penha, onde recebeu atendimento e foi liberado. A assessoria da parlamentar confirmou o caso e disse que ela tinha ido buscar a mãe, que mora no bairro, e estava a caminho da igreja.
Abordado pelo DIA na saída do hospital, o PM reformado e motorista que conduzia o carro de Martha Rocha, que é blindado, se limitou a dizer: "Não posso falar, se não vão matar minha mulher". A polícia irá investigar se o Geonisio estava sofrendo ameaças.
Segundo o diretor do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), delegado Antônio Ricardo Nunes, é cedo para dizer se foi uma tentativa de atentado ou apenas uma tentativa frustrada de assalto.
“Não tem como confirmar se foi um assalto ou um atentado. Estamos no local do crime colhendo imagens de câmeras de segurança e vamos ouvir todas as testemunhas. A investigação vai prosseguir”, disse Nunes, que acompanha o depoimento da deputada e do motorista.
O caso foi comparado ao ataque a tiros sofrido pelo prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis.
Witzel cobra investigação e volta a classificar bandidos como 'terroristas'
Em nota oficial, o governador Wilson Witzel afirmou que o secretário da Polícia Civil, Marcus Vinícius Braga, concentrará todos os esforços na investigação desse crime e reforçou a necessidade de tratar os bandidos como terroristas.
"No meu governo, atentados como este, praticados por bandidos que colocam em risco o direito de ir e vir dos cidadãos de bem, serão esclarecidos e punidos exemplarmente. Esse lamentável episódio confirma mais uma vez a necessidade de que esses bandidos sejam tratados como terroristas, porque atuam desta maneira. A legislação brasileira tem que estar à altura da gravidade dos crimes, que mostram uma face do terrorismo e que estão sendo cometidos contra o nosso estado e o nosso país", disse na declaração.
Ao DIA, Braga afirmou que encontrar a solução para esse crime é prioridade e que a perícia está sendo realizada pela Delegacia de Homicídios. "Como está no começo, vou preservar as informações preliminares que temos. Uma coisa que eu posso afirmar é que é prioridade para a Polícia Civil descobrir quem praticou esse crime, ou uma tentativa de assalto ou uma tentativa de execução", disse ele.
Sobre a declaração ao DIA do PM reformado de que não poderia falar porque se não "matariam sua mulher", o secretário contou que o depoimento do motorista será mantido em sigilo e que "ele está muito nervoso e tudo está muito prematuro". Segundo Braga, a investigação não descartará nenhuma hipótese e vai apurar a região da Vila Cruzeiro, pois "é comum que eles saiam do baile da Gaiola e pratiquem assaltos por ali".
Alerj considera caso 'extremamente grave'
Em nota, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) disse considerar "extremamente grave" o ataque a tiros contra o veículo em que estava a deputada Martha Rocha e seu motorista.
O texto afirma que o presidente em exercício, André Ceciliano (PT-RJ), conversou com o governador Wilson Witzel. "A Alerj espera que o caso seja apurado com urgência para prisão e punição dos responsáveis", conclui a nota.
Primeira mulher a chefiar a Polícia Civil
Martha Rocha tem 59 anos e foi a primeira mulher a chefiar a Polícia Civil do Rio. Atualmente ela está no segundo mandato como deputada estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e participou da criação das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams).
* Estagiária, com supervisão do editor. Também colaborou a estagiária Julliana Martins