Deputada Martha Rocha foi alvo de três ameaças de morte antes de ataqueEstefan Radovicz / Agência O DIA
Por Luana Dandara*
Publicado 13/01/2019 15:23 | Atualizado 13/01/2019 19:10

Rio - Após sofrer um ataque a tiros na manhã deste domingo, a deputada e delegada aposentada Martha Rocha (PDT) afirmou que recebeu três ameaças de morte por um segmento da milícia, repassadas pelo Disque-Denúncia, em novembro. De acordo com ela, as informações foram comunicadas pessoalmente ao ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, ao general Braga Netto, interventor federal no Rio e ao general Richard Nunes, secretário de Segurança Pública do Rio.

"Recebi essas três denúncias que diziam que um segmento da milícia planejava atingir autoridades, dentre elas, em letras garrafais, estava o meu nome. Em reunião com os generais Braga Neto e Richard Nunes, eu disse que desejava uma análise de risco para dizer se as notícias tinham ou não fundamento. E comprei, em virtude dessas informações, um carro blindado de minha propriedade no fim do ano", contou a deputada na porta da Delegacia de Homicídios (DH) da Barra, onde prestou depoimento.

Como resposta das autoridades, Martha Rocha recebeu do antigo subchefe operacional da Polícia Civil (Gilberto Ribeiro) o oferecimento de escolta por um mês. "Eu respondi que queria tão somente uma análise de risco, porque também não entendo o que é oferecer uma escolta por apenas um mês. Depois disso não fui mais procurada".

Questionada se houve negligência por parte da administração anterior de segurança no Rio, a deputada disse que a Polícia Civil que deve explicar. “Se houve ou não algum tipo de ausência de cuidado quem tem que explicar são eles, até porque eu não sei qual é a motivação desse fato. A Polícia Civil inteira sabe que, na minha atuação como delegada, enfrentei a milícia”, ponderou ela.

Crime na Penha

A deputada detalhou que estava com o motorista particular e a mãe no carro, por volta de 9h05, na Rua Belizário Pena, na Penha, com destino a uma igreja, na Tijuca. “Estava na Penha, onde mora minha mãe de 88 anos, quando o carro apitou avisando do cinto de segurança. O motorista reduziu a velocidade, acertou o cinto, e foi quando eu percebi o olhar de preocupação dele. Questionei e ele respondeu ‘aí atrás’. Foi quando vi um (carro) Cetra branco com fuzil do lado de fora, que emparelhou com o nosso. Um homem com roupa toda preta, luvas pretas e touca ninja no rosto botou o tronco para fora e fez disparos”, detalhou ela.

Martha Rocha acrescentou que se preocupou em abaixar a mãe, que estava no banco da frente, até conseguir despistar os bandidos, que os seguiram. A Polícia Civil ainda investiga se foi atentado ou uma tentativa de roubo. “Conseguimos entrar em uma rua, e eles (bandidos) seguiram pela Avenida Brasil. Chegamos até a proximidade do Clube Olaria quando o nosso carro parou, pois os dois pneus foram alvejados. Foi aí que meu motorista me alertou que tinha sido ferido no tornozelo direito.”

O motorista, que é policial militar reformado, já teve alta. A deputada, assim como sua mãe, não sofreram ferimentos. “Eu procurei trazer, na prática, os ensinamentos que tive como profissional da Polícia Civil. Eu cuidei para que minha mãe não fosse alvejada, eu tentei de alguma forma ajudar meu motorista, e o tempo inteiro eu olhei pra trás para acompanhar a movimentação do carro que estava nos perseguindo. Por isso, consigo dizer o momento que se iniciou e terminou a abordagem, e os locais onde foram os disparos”, finalizou Martha.

Witzel cobra investigação e volta a classificar bandidos como 'terroristas'

Em nota oficial, o governador Wilson Witzel afirmou que o secretário da Polícia Civil, Marcus Vinícius Braga, concentrará todos os esforços na investigação desse crime e reforçou a necessidade de tratar os bandidos como terroristas.

"No meu governo, atentados como este, praticados por bandidos que colocam em risco o direito de ir e vir dos cidadãos de bem, serão esclarecidos e punidos exemplarmente. Esse lamentável episódio confirma mais uma vez a necessidade de que esses bandidos sejam tratados como terroristas, porque atuam desta maneira. A legislação brasileira tem que estar à altura da gravidade dos crimes, que mostram uma face do terrorismo e que estão sendo cometidos contra o nosso estado e o nosso país", disse na declaração.

*Estagiária sob supervisão de Cadu Bruno 

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