A viúva de Marielle Franco, Mônica Benício, refaz Grafite em homenagem a Marielle feito por Malala Yousafzai na comunidade Tavares BastosFernando Frazão / Agência Brasil
Por Agência Brasil
Publicado 15/01/2019 01:51 | Atualizado 15/01/2019 01:51

Rio - A viúva da vereadora Marielle Franco, Mônica Benício, refez, no início da noite desta segunda-feira, o grafite em homenagem à parlamentar assassinada que havia sido pintado pela ativista paquistanesa Malala Yousafzai em julho do ano passado e vandalizado cinco meses depois. Também foi refeito o grafite em homenagem à ativista Maria da Penha, que tinha sido apagado com tinta preta no dia 10 de dezembro, quando é comemorado o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

A homenagem a Marielle e Maria da Penha foi feita por Malala, usando a técnica stencil em parceria com a grafiteira Panmela Castro. O stencil consiste no uso de uma forma com o traçado do desenho a ser pintado. Panmela é fundadora da Rede Nami, um grupo que forma grafiteiras e discute violência conta a mulher na favela Tavares Bastos, na Zona Sul do Rio.

A viúva de Marielle Franco, Mônica Benício, refaz Grafite em homenagem a Marielle feito por Malala Yousafzai na comunidade Tavares BastosFernando Frazão / Agência Brasil

A grafiteira disse que refazer o retrato de Marielle no muro, com o apoio da dona da casa, foi um ato de resistência. "As pessoas estão tentando abafar o que aconteceu e tirar a nossa voz, mas a gente está resistente. A gente vai refazer quantas vezes precisar", disse Panmela, que também distribuiu 600 cartazes que trazem reproduções do grafite de Marielle.

Apoios

Panmela organizou o ato para refazer o grafite e teve o apoio de coletivos de mulheres lésbicas e blocos de Carnaval. Mônica Benício disse que fez questão de participar e reconstruir a homenagem com suas próprias mãos, usando a mesma técnica usada por Malala.

"Queria que fosse feito com solidariedade, com afeto e com amor. Pedi a participação de blocos coletivos e das mulheres da resistência sapatão, para fazer algo com cara de Marielle, com alegria. Ela era uma pessoa que gostava muito de celebrar a vida. É fundamental para a gente dizer que vai ter resistência e que a memória da Marielle não vai ser violentada e não ser esquecida", disse Mônica.

A viúva de Marielle Franco, Mônica Benício, refaz Grafite em homenagem a Marielle feito por Malala Yousafzai na comunidade Tavares BastosFernando Frazão / Agência Brasil

A viúva de Marielle disse que acompanha com pouco ânimo as últimas declarações de autoridades sobre o caso. Recentemente, o governador Wilson Witzel disse que a investigação está perto de um desfecho e, nesta segunda, o procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, informou que não há dúvidas da ligação de milicianos com o assassinato.

"Não consigo ver essas notícias com grande ânimo, porque desde o meio do ano passado é dito pelas autoridades que o caso está perto de ser solucionado", disse Mônica, que torce para que dessa vez os resultados da investigação apareçam. "As autoridades não mostram nada de concreto que faça a gente acreditar que isso seja real".

Para Mônica, é muito importante que o poder público se comprometa a garantir que o resultado das investigações seja preciso e bem embasado. "Quem pode achar sou eu que não sou autoridade. As autoridades competentes envolvidas no caso têm que garantir com certeza. Inclusive existe o medo de que seja entregue uma resposta que não seja uma resposta real a fim de tentar silenciar o caso e encerrar essa história".

A viúva de Marielle Franco, Mônica Benício, refaz Grafite em homenagem a Marielle feito por Malala Yousafzai na comunidade Tavares BastosFernando Frazão / Agência Brasil

Bloco

Ao fim da pintura do grafite, o ato tomou forma de um bloco de Carnaval e desceu parte da ladeira Tavares Bastos, distribuindo os cartazes em homenagem à vereadora assassinada e cantando sambas e marchinhas. Mônica disse que fazer justiça à Marielle é uma luta que não termina com a prisão dos responsáveis por sua execução.

"A justiça para Marielle não se fará só no resultado das investigações, mas na disputa por uma sociedade mais justa e igualitária por que ela lutava e é o que vamos seguir lutando".

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