Leandro Monteiro, morador de São João de Meriti, retira água em baldes da cisterna para lavar roupa e louçaDIVULGAÇÃO
Por GUSTAVO RIBEIRO
Publicado 23/01/2019 03:00

Rio - No auge de mais um verão escaldante, moradores de bairros das zonas Norte e Oeste, e de outras cidades da Região Metropolitana e do interior do estado sofrem o mesmo problema de sempre nessa época: a falta d'água. Em São Cristóvão, Campo Grande e São João de Meriti, há ruas com torneiras secas há mais de um mês.

No elevador do edifício João Pereira Cardoso, na Rua São Luiz Gonzaga, em São Cristóvão, um aviso da síndica alerta: "Está faltando água desde 13/12/18". O condomínio já precisou encomendar três caminhões-pipa, por R$ 600 cada. Por serem clientes assíduos todos os anos, os moradores conseguem comprar a água com desconto de R$ 200.

"Não importa se chove menos ou mais. Chega no fim do ano, em dezembro, já começa a faltar água e o problema vai até depois do Carnaval. A Cedae fala que o problema é na pressão, mas não faz nenhum serviço de prevenção", reclamou a enfermeira Rozana Brito, de 36 anos, que mora no local há oito anos.

As roupas ficam acumuladas e as famílias evitam até dar descarga para não desperdiçar. "Na minha casa, tive que criar um sistema para captar água da máquina de lavar para usar na descarga", contou Rozana.

Moradores de várias outras ruas de São Cristóvão, como Chaves Faria, Dom Meinrado, Fonseca Teles, Pirauba, São Roque e Bela, reclamam da seca. Síndica de um prédio da Rua Chaves Faria, Maria Emerlinda da Silva, 81, sofre com o calor e não consegue nem tomar banho direito. Sem receber água há uma semana, a cisterna está quase vazia. "Não lavo roupa e tomo banho de gato. Já avisei a todo mundo: tem que fechar o chuveiro, passar o sabão e depois tornar abrir e fechar", disse a idosa.

Uma das regiões mais impactadas com a escassez de água no Rio é a Zona Oeste. O problema atinge bairros como Campo Grande, Guaratiba, Sepetiba e Santa Cruz. Na Rua Benedito Alves, em Campo Grande, o sufoco começou em novembro. O vereador Willian Coelho (MDB) se reuniu ontem com a diretoria da Cedae para entender o motivo e pedir uma solução. "O que resolveria esse problema é uma obra que se iniciou em 2012, 2013, para ampliação do abastecimento de água da Zona Oeste, mas está paralisada. Vamos solicitar ao Governo do Estado o retorno dessas obras. Disse o diretor (da Cedae) que, se essa obra não for retomada, o próximo verão será pior ainda na nossa região", explicou o parlamentar em vídeo publicado no Facebook.

A primeira reclamação do administrador Leandro Monteiro, 37, que mora na Rua Clara Costa, Centro de São João de Meriti, na Baixada, foi feita em 23 de dezembro. Por causa da baixa pressão, a água não chega até as caixas de casas com mais de um pavimento. A Cedae não resolveu. No entanto, a conta de fevereiro já chegou, mesmo com menos água, e veio mais cara. "Vinha R$ 47, passou para R$ 49 e a de fevereiro já veio 50 e pouco", contesta. Uma solução encontrada por Leandro foi retirar água da cisterna com baldes para lavar roupas e louça.

Cedae fala em consumo excessivo

A Cedae atribuiu os problemas ao "consumo excessivo no calor" e informou que equipes irão verificar os casos citados pela reportagem. No entanto, não anunciou medidas para evitar que a população continue sofrendo com a falta d'água. Segundo a empresa, "devido às altas temperaturas registradas nas últimas semanas — superiores à média histórica de 31,5º para o período — pode haver consumo excessivo que provoque redução nas pressões do abastecimento". E ressaltou que "por isso é necessário que os imóveis possuam sistema de reserva interno (cisterna/caixa d'água) apropriado ao consumo".

A falta d'água também afeta Arraial do Cabo, Cabo Frio e Búzios desde dezembro. A empresa Prolagos culpa o aumento de pessoas na Região dos Lagos no período e informa que desde o início do verão opera o sistema com carga máxima.

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