3N é chefe do tráfico de drogas do Complexo do Salgueiro, em São GonçaloArquivo Pessoal
Por O Dia

Rio - O Disque Denúncia anunciou, nesta segunda-feira, que aumentou para R$ 20 mil a recompensa para quem der informações que levem à captura do traficante Thomaz Jhayson Vieira Gomes. 2N, como é conhecido, é da facção Comando Vermelho (CV) e chefia do tráfico de drogas do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do estado. A recompensa anterior era de R$ 10 mil.

Localizada numa das regiões mais pobres do estado, às margens da Baía de Guanabara, o Complexo do Salgueiro sempre esteve no radar das equipes estaduais e federais de segurança. Com ruas esburacadas, sem asfalto, e com a presença de traficantes armados, o local sempre teve tradição de registrar um alto faturamento com a venda de drogas e armas. Não é de hoje que a comunidade é considerada uma espécie de entreposto de bandidos de favelas no Rio, para criminosos da Mangueira, dos complexos do Alemão e da Penha, de parte da Maré e do Jacarezinho, que se refugiam naquela comunidade.

Roubo de carga

Em março de 2017, um caminhão com uma carga de aparelhos de ar-condicionado, avaliada em R$ 300 mil, foi roubado em São Gonçalo. Sem seguro da mercadoria, um agente da Polícia Federal foi até o Complexo do Salgueiro tentar recuperá-la e pediu que o recado aos criminosos fosse levado por um mototaxista. A resposta dos traficantes veio em tom ameaçador: fizeram o motoboy fotografar um verdadeiro arsenal e mostrar para o agente, que contava com apoio da Polícia Militar: "Entra aqui para buscar a carga", disseram os traficantes.

O recado tinha como objetivo evitar um confronto intenso, que deixaria a população local sob fogo cruzado. Foi o que aconteceu! Em seguida, agentes do batalhão do município (7º BPM) fizeram uma operação para tentar recuperar a mercadoria. Houve confronto por mais de uma hora e, ao final, os policiais não conseguiram encontrar a carga. Um dos vidros do veículo blindado ficou bastante destruído por causa da quantidade de tiros.

Recompensa foi de R$ 10 mil para R$ 20 milDivulgação / Disque Denúncia

Um roubo de caminhão por dia

Ao contrário do que ocorre em outras comunidades, no Complexo do Salgueiro são os próprios traficantes que saem ao asfalto para praticar os crimes. Eles agem a mando de 2N. De janeiro a março do ano passado, foram registrados na 72ª DP (Mutuá), responsável pela área, 90 roubos de caminhões, uma média de um assalto por dia.

De tão grande a oferta de cargas roubadas pelos bandidos do Salgueiro, alguns receptadores criaram até mesmo, segundo as investigações, tabelas que definem o preço de revenda dos itens. Os agentes já encontraram, por exemplo, uma caixa de cerveja com 24 garrafas de 600 ml, sendo comercializada a R$ 20 - valor pelo menos quatro vezes menor do que o praticado em grande depósitos de bebida (em supermercados, o custo chega a ser de quase R$ 150).

Além das bebidas, os produtos mais visados pelos assaltantes da região são os gêneros alimentícios e os cigarros, que acabam indo para os pequenos comércios da localidade.

Execuções

Investigações também apontam o envolvimento 2N e de seu braço-direito e segurança Luiz Ricardo Monteiro Cunha, o Ricardinho, nas execuções de dois amigos de infância, que foram mortos pelos criminosos após saírem de um baile funk no conjunto de favelas, em janeiro de 2017. Segundo as investigações, eles teriam sido mortos porque os traficantes da localidade alegavam que os amigos eram informantes da polícia. Os corpos até hoje não foram encontrados.

Outra possível morte seria atribuída a 2N: uma decisão de Antônio Ilário Ferreira, o Rabicó ou Coroa, um dos chefes do Comando Vermelho de dividir o poder no controle do tráfico de drogas do Complexo do Salgueiro teria causado um racha entre ele e seu principal homem de confiança na comunidade, o 2N ou Neném.

De acordo com informações de setores de inteligência da polícia, de dentro do presídio, Rabicó teria ordenado que 2N entregasse a administração de algumas bocas para Adenilton de Madureira Vasconcelos, o Tilu da Balança. Conforme as investigações, 2N teria marcado uma reunião com Tilu, em dezembro de 2018, e o teria matado durante uma discussão.

Os policiais têm informações de que Tilu seria ligado ao traficante Ricardo Severo, o Faustão da Penha, que está abrigado no Salgueiro, e contaria com apoio de chefões do CV para assumir o tráfico na Ilha de Itaoca e na Balança.

Casamento

A mais recente audácia do traficante seria a realização de seu casamento no Salgueiro. Entre as principais indagações que agentes da Polícia Civil devem estar fazendo, certamente uma delas seria: como um traficante tão procurado pela polícia de todo o estado – Thomaz Jhayson Vieira Gomes, o 2N – conseguiu se casar, no último fim de semana, numa igreja em São Gonçalo, sem ser identificado, abordado e preso? Ele subiu ao altar e se casou numa cerimônia religiosa e as imagens do evento foram parar nas redes sociais.

De acordo com os policiais, 2N teria aguardado que as forças da intervenção, que realizaram várias operações no conjunto de comunidades, deixassem a região, para assim darem sinal verde para a realização do casamento, que cuja cerimônia foi realizada numa igreja próxima da comunidade. Nas imagens publicadas nas redes sociais, houve o cuidado de edição para encobrir e mascarar o rosto de 2N, já em outras, o traficante não se incomodou em aparecer. Entre os vários convidados estaria seu braço direito e segurança pessoal o traficante Luiz Ricardo Monteiro Cunha, o Ricardinho.

Detenção

Por várias vezes, o traficante 2N conseguiu furar o cerco e escapar. Ele chegou a ser detido em 2014, pela Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) em uma operação e ficou preso por um ano. Depois, saiu em liberdade em 2015. Há vários inquéritos onde 2N é investigado pelos crimes de tráfico e homicídios.

Contra ele, constam dois mandados de prisão pelos crimes de tráfico de drogas e associação para a produção e tráfico e condutas afins tráfico de drogas e condutas afins.

Quem tiver qualquer informação sobre a localização de 2N e sua quadrilha pode entrar em contato através dos seguintes canais: WhatsApp ou Telegram do Portal dos Procurados: (21) 98849-6099; Facebook: www.facebook.com/procurados.org/; pelo Disque-Denúncia: (21) 2253-1177; ou pelo aplicativo da entidade.

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