Marcelo Sessim, filho de Simão Sessim, prestou depoimento na 64ª DP - Luciano Belford/Agência O Dia
Marcelo Sessim, filho de Simão Sessim, prestou depoimento na 64ª DPLuciano Belford/Agência O Dia
Por ADRIANA CRUZ e ANTONIO PUGA

Rio - Imagens do circuito interno de TV de um shopping na Zona Oeste são peças-chave para a Polícia Civil montar a investigação sobre a prisão de Joshson José Bandeira que atingiu o clã da família do representante do governo do estado em Brasília, o ex-deputado federal Simão Sessim, do PP, que tem membros como o bicheiro Aniz Abrahão, o Anísio, patrono da escola de samba Beija-Flor, e o prefeito de Nilópolis Farid Abrahão.

Preso com quase R$ 150 mil em espécie na terça-feira e com um revólver calibre 38 com numeração raspada, como O DIA publicou com exclusividade ontem, Bandeira atribuiu a Sessim, para quem trabalharia como assessor, o dinheiro para pagamento de pessoas ligadas à última campanha, na qual o deputado não se reelegeu. O valor seria entregue ao secretário de Emprego Trabalho e Desenvolvimento Econômico de Nilópolis, Eduardo Amorim, o Dudu.

Sessim rebateu ontem. Alegou que seu filho o médico Marcelo Sessim foi vítima de sequestro-relâmpago pelo ex-cabo eleitoral com direito a extorsão de R$ 500 mil, que caiu para depósito em conta de R$ 50 mil e ameaças à sua família, sem explicar a origem dos pedidos. Mas Marcelo cedeu as investidas e entregou ao ex-colaborador do pai R$ 149.800.

"Joshson fez panfletagem na minha campanha. Marcou encontro para pedir dinheiro para ajudar à família. Para surpresa do Marcelo, no shopping passou a ameaçá-lo exigindo R$ 500 mil. Sob a mira de uma arma, Marcelo foi obrigado a ir para sua casa seguido por outro carro com três homens", disse Sessim. Ontem, Marcelo prestou depoimento na 64ª DP (São João de Meriti), mas não quis falar sobre o caso. Já o secretário afirmou que Joshson é bandido. "Ele tem ligação com o Morro da Pedreira. Não sei como meu nome foi parar nesta história. Vou processá-lo", afirmou.

Compra de arma na feira

Em depoimento, Joshson contou, no entanto, que já havia transportado dinheiro para Sessim seis ou sete vezes, o que o ex-parlamentar nega. Joshson revelou que foi descoberto, desta vez em um ônibus no bairro de Vila Norma, em São João de Meriti, porque discutiu com um passageiro e os outros usuários viram sua arma, e com medo de assalto, chamaram policiais militares. Confessou que comprou o revólver na feirinha da Pavuna para se defender. Ele pagou fiança de R$ 1 mil e foi liberado pela polícia para responder pelo flagrante de porte ilegal arma em liberdade.

"Esse rapaz alegou que o dinheiro foi entregue por Eduardo Amorim, o que é uma mentira. O Eduardo não tem contato com Joshson deve ter uns dois anos. Não recebo e nunca recebi qualquer dinheiro, tenho um passado limpo", rebateu Simão Sessim. Homem de confiança do governador Wilson Witzel em Brasília, Sessim disse ainda que está assustado neste momento com as ameaças do ex-assessor à sua família. "Vou solicitar segurança para mim e minha família", garantiu o ex- parlamentar que postou em sua página no Facebook uma nota de esclarecimento.

A quantia apreendida com Joshson foi depositada pela Polícia Civil em uma conta bancária. Procurado, o delegado da 64ª DP, Vinicius Domingos, afirmou que não se pronunciaria sobre o caso porque a investigação está sob sigilo. Simão Sessim já foi deputado federal por dez mandatos, mas ficou de fora da preferência dos eleitores na última disputa eleitoral, ano passado. Mas continua bastante forte no tabuleiro da política fluminense.

Irmão de Joshson foi assassinado

A vida do ex-colaborador de Simão Sessim é marcada pela morte do seu irmão Wilson José Bandeira, conhecido como Wilsinho Bahia, que era suplente de vereador em Nilópolis, assassinado no dia 22 de abril de 2015. O crime aconteceu em um bar na Estrada Pedro Álvares Cabral com a Rua Antônio Félix, bairro Nossa Senhora de Fátima, por Alex dos Santos Crispiniano.

As investigações revelaram que o crime foi passional. Alex Crispiniano não se conformava que a ex-namorada Andressa estivesse mantendo um relacionamento com o suplente de vereador. Wilsinho Bahia estava jogando cartas com amigos no bar quando o assassino desceu de um carro e fez vários disparos contra ele.

Alex Cipriano foi condenado, dois anos depois do crime, pelo juiz Alberto Fraga a cumprir pena de 16 anos de prisão em regime fechado.

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