Da esquerda para a direita, Raphael Cordeiro, Felipe Valeriote, João Pedro Rodrigues e Juan Sanches divulgam desafio de representar Brasil na Nasa - Luciano Belford/Agência O Dia
Da esquerda para a direita, Raphael Cordeiro, Felipe Valeriote, João Pedro Rodrigues e Juan Sanches divulgam desafio de representar Brasil na NasaLuciano Belford/Agência O Dia
Por Beatriz Perez

Rio - Seis estudantes de Saquarema, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, se desdobram para arrecadar recursos e construir uma sonda para representar o Brasil em um desafio da Nasa nos Estados Unidos. O 'Alpha Team Brazil' é uma das quatro equipes brasileiras selecionadas para participar do Human Exploration Rover Challenge no estado do Alabama, entre os dias 12 e 13 de abril, que reúne equipes de alunos de ensino médio e universidades ao redor do mundo.

Equipe Alpha Team Brazil aprovada para participar de desafio da Nasa nos Estados Unidos - Acervo pessoal

Das equipes do país, apenas uma é universitária. Os jovens de Saquarema, de 18 anos, recorrem a vídeos na internet para construir, na garagem de um deles, João Pedro Rodrigues, uma sonda - um veículo pedalável por duas pessoas compatível com as superfícies de Marte e da Lua. É com ela que os jovens vão participar de uma prova de 800 metros nos Estados Unidos.

Equipe desenvolve uma sonda pedalável por duas pessoas para competir no Alabama, Estados Unidos - Acervo pessoal

Assim que se inscreveram na competição, em outubro, o time começou a corrida para arrecadar recursos. Uma vaquinha online está no ar para levar os competidores e um responsável para a competição. Eles precisam arrecadar R$ 40 mil para pagar hospedagem, passagem e mantimentos, além do preço de transporte da sonda.

Para pedir contribuição, equipes levam telescópio para praça em Saquarema - Acervo pessoal

Todo dia os rapazes vão a bares e restaurantes pedir contribuição para seu projeto. Eles levam um telescópio para para sensibilizar o público. Já venderam rifa, brigadeiro, sacolé, e agora, as mães preparam um rodízio de pizza. Eles também bateram de porta em porta no comércio da região pedindo patrocínio. Conseguiram de uma empresa de açaí. Uma escola de idiomas também oferece apoio aos garotos, que ganharam um curso. Durante a competição a comunicação é toda em inglês. O dono do curso será o treinador e responsável pelo time.

Mães ajudam com bazar para arrecadar recursos - Acervo pessoal

Meninos chamaram mecânico para aprender a sondar - Acervo pessoal

Eles se conheceram em um pré-vestibular. Felipe de Carvalho Valeriote sonha em ser astronauta. Raphael Christi Cordeiro também sempre gostou de astronomia. No curso, eles se estendiam em papos sobre buracos negros e afins. Os colegas João Pedro Rodrigues, Juan Diego Sanches, Raphael Christi Cordeiro e Luiz Mattheus ficavam até tarde estudando e foram cooptados para integrar a equipe. Como a Nasa exige que a sonda seja pedalada por um homem e uma mulher, os meninos conseguiram uma atleta, Carol Bonelli, que é surfista e craque no inglês, para completar o time.

“Precisamos de mais mulheres na ciência”, reconhece Felipe, sobre a falta de colegas femininas.

Estudantes de Saquarema, Região dos Lagos, dividem tempo e esforço entre a arrecadação de recursos e a construção de uma sonda para representar o Brasil em desafio da Nasa nos Estados Unidos - Luciano Belford/Agência O Dia

Como alguns conhecimentos ensinados em universidades ainda não foram apresentados aos meninos, eles pesquisam na internet e contam com a orientação de um astrofísico, além de partirem para a experimentação, com materiais leves e baratos, para construir uma estrutura dobrável e que caiba em 1,5 metro cúbico, exigências da competição. "Pedimos ajuda de um mecânico que nos ensinou a soldar. Compramos furadeira, esmerilhadeira e fizemos um molde para ela”, conta Juan Diego.

Telescópio na praça atrai apoiadores para a causa - Acervo pessoal

O otimismo para chegar ao Alabama em abril cresceu depois que em um dia de venda de rifas eles conseguiram pagar a inscrição na competição no valor de 225 dólares, cerca de 840 reais. "Eles começaram sem um centavo", conta Christ Cordeiro, mãe de Raphael, que veio com o marido e os garotos de Saquarema divulgar o desafio em veículos de comunicação do Rio. 

"É muito emocionante ver o crescimento da equipe. Eles começaram do nada e chegaram até aqui com muito esforço e carinho", acrescenta Christ, que se soma aos outros familiares do 'Alpha Team Brazil' para ajudar a realizar o sonho dos jovens cientistas. 

Você pode gostar
Comentários