Policiais militares do 9º BPM (Rocha Miranda) realizam uma operação na Comunidade do Muquiço, Zona Norte do Rio, na manhã desta quarta-feira (20/02). Assim que chegaram ao local, os agentes foram recebidos a tiros. Na ação sete criminosos foram presos e dois morreram. Com eles as equipes apreenderam duas pistolas, sete rádios transmissores, carregadores e munições.

A Delegacia de Homicídios foi acionada. Ocorrência em andamento. - DIVULGAÇÃO
Policiais militares do 9º BPM (Rocha Miranda) realizam uma operação na Comunidade do Muquiço, Zona Norte do Rio, na manhã desta quarta-feira (20/02). Assim que chegaram ao local, os agentes foram recebidos a tiros. Na ação sete criminosos foram presos e dois morreram. Com eles as equipes apreenderam duas pistolas, sete rádios transmissores, carregadores e munições. A Delegacia de Homicídios foi acionada. Ocorrência em andamento.DIVULGAÇÃO
Por *LUIZ FRANCO

Rio - As mortes registradas em operações policiais no mês de fevereiro deste ano já somaram mais da metade em relação ao ano passado em apenas três ações. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), a capital do Rio registrou 27 mortes por intervenção de agentes do Estado em 2018. Apenas na operação do último dia 8, no Morro do Fallet, o número chegou a 15. Nesta semana, um morto em uma operação no Complexo da Penha – que deixou ainda quatro baleados, entre eles um adolescente de 14 anos que havia saído para comprar pão –, e dois mortos em uma operação na comunidade do Muquiço, em Guadalupe, se juntam às estatísticas, que chegaram a 18 mortes. O resultado, segundo especialistas, pode ser atípico.

O governador do Estado, Wilson Witzel, elogiou publicamente a atuação da polícia na operação do Fallet, após uma reunião com o secretário da PM, coronel Rogério Figueredo. Witzel se elegeu com uma plataforma de endurecimento da polícia de enfrentamento na segurança pública, chegando a usar a palavra "abate" em discursos oficiais e no próprio programa de governo. No Twitter, o governador escreveu que "a ação no Fallet Fogueteiro foi uma ação legítima da polícia". Até a publicação desta matéria, o governo não havia se pronunciado sobre o número de mortos nas ações policiais neste mês.

"Mesmo para os padrões aqui do Rio de Janeiro, que são altos, a gente tem uma operação que é atípica", afirma o coronel Robson Rodrigues, ex-coordenador das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e ex-chefe do Estado-Maior da PM, sobre a operação no Fallet. "Saltam os olhos essa atipicidade, mas temos que ver se os números vão continuar altos antes de chegar a alguma conclusão".

Para Robson, "é provável" que o discurso do governador "possa ter deixado os policiais mais confortáveis para usar a força letal de forma mais contundente", mas "é preciso cruzar com mais dados" para entender melhor o aumento nos números.

"Por exemplo, qual vai ser a reação do Ministério Público? Qual é a reação da Justiça em relação a esse tipo de comportamento?", questiona ele. "Podemos ter tanto um aumento, quanto uma redução, de acordo com a ação do MP-RJ", completa.

"Existe um discurso por parte do governador eleito sobre a segurança pública. Ele foi eleito com esse discurso, e continua com esse discurso", explica Paulo Storani, ex-integrante do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM do Rio e mestre em antropologia social. "Nos últimos 30 anos, a gente não teve nada além de políticas de confronto". "Quando há enfrentamento, é óbvio que você vai ter o resultado esperado, que é a morte", completa.

Segundo Storani, não há o que ser feito a curto prazo. Já a médio prazo, "um plano de inteligência nacional pode surtir efeito". "Não basta só investir em inteligência no Rio de Janeiro. Precisamos de um plano nacional, que não permita que drogas e armas entrem no Rio", afirma ele. "No curto prazo, é confronto. E isso tem um preço muito caro". "Havendo enfrentamento, vai haver morte", conclui.

*Estagiário sob supervisão de Herculano Barreto Filho

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