Rio de Janeiro - RJ  - 24/02/2019 - Violencia contra mulher - Elaine Capparroz, vitima de violencia depondo na 16 DP, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio - na foto, Elaine Caparroz, na delegacia -  Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia - Reginaldo Pimenta
Rio de Janeiro - RJ - 24/02/2019 - Violencia contra mulher - Elaine Capparroz, vitima de violencia depondo na 16 DP, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio - na foto, Elaine Caparroz, na delegacia - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O DiaReginaldo Pimenta
Por Rachel Siston*

Rio - A delegada Adriana Belém disse nesta segunda-feira que o depoimento da paisagista Elaine Caparroz, marcado para o início desta tarde, será a última diligência da Polícia Civil. Até agora, foram ouvidas cerca de dez pessoas. A titular da 16ª DP (Barra) disse que vai pedir esclarecimentos sobre a possibilidade levantada pela vítima em entrevista ao Fantástico no domingo de o crime ter sido motivado por vingança.

"Eu soube disso através da imprensa. Hoje, oficialmente, eu vou buscar todos os dados. Eu preciso que ela me esclareça muitos pontos", disse. Elaine disse em entrevista que lembrou de dois momentos estranhos, antes da tentativa de feminicídio que sofreu. "Ele me disse que queria ver um filme de terror. Depois disse: 'gostaria da sua opinião. Tenho um amigo que quer se vingar de alguém e pensa em matar uma pessoa. O que você acha disso?".

A delegada também disse que vai pedir exames para verificar se a vítima foi dopada por Vinícius Serra, mas admite que não sabe se ainda é possível identificar se ela sofreu algum tipo de alteração.

"Não me parece que dê tempo. No dia, a preocupação era salvar a vida da vítima. Vamos questionar se há essa possibilidade. De qualquer forma ela vai passar por exame de corpo de delito", declara.

Mesmo com a suspeita da vítima de que tenha sido alvo de vingança, a delegada Adriana Belém disse que ele continuará a ser autuado por tentativa de feminicídio."Hoje termina a nossa participação. Creio que nada vai mudar. Nós estamos só buscando provas que dê à Justiça elementos para que esse sujeito seja condenado. Ele se reservou ao direito de só prestar declaração em juízo e não há possibilidade de ele ser ouvido na Polícia", diz.

"Não nos convenceu a tese de que ele teria tido um surto psicótico e nós vamos ratificar, independente do depoimento dela, o posicionamento que a Polícia teve no dia", acrescenta.

A delegada destaca que o agressor parece sentir prazer diante do sofrimento. "Ela já havia me falado isso (possibilidade de ter sido dopada). Existem lapsos de memória. Ela chega a me dizer que ele a fazia voltar a si para que sentisse a agressão, me parece uma pessoa que se sentia satisfeito em ver o outro sofrendo", acrescenta.

Belém destacou que vai pedir acesso ao histórico de conversa entre os dois para traçar o perfil do agressor. "Os principais pontos que devem ser esclarecidos são a chegada dele, como se deu a permissão para que ele entrasse, em que momento começam as violências, há quanto tempo se conheciam", disse. 

A delegada disse ainda que se for constatado que a vítima foi dopada, a autuação de Vinícius pode ser agravada.

Horas de horror

Em entrevista ao "Fantástico" no domingo, Elaine Caparroz lembrou os instantes de horror que viveu. "A última coisa que lembro foi de deitar no ombro dele. Acordei no chão, não sei quanto tempo depois, com ele desferindo socos horríveis no meu rosto", contou.

Ela reafirmou que jamais esquecerá o que passou. "Levo um susto todos os dias quando me olho no espelho", disse.

Elaine é mãe do lutador de jiu-jitsu Rayron Gracie. A ela, antes das agressões, Vinicius, que também pratica a arte marcial, perguntou: "Você é a mãe do Rayron? Você fala sempre com ele?"

As agressões duraram cerca de quatro horas. "Gritei muito por socorro, até ficar rouca", lembrou. Elaine recebeu alta na manhã de sexta-feira, após ficar sete dias internada no Hospital Casa de Portugal, no Rio Comprido, Zona Norte. O autor das agressões, de 27 anos, está preso por tentativa de feminicídio. Ele foi encaminhado na sexta-feira para o hospital psiquiátrico Roberto Medeiros, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste, para avaliação de sanidade mental. Para o advogado de Elaine, Vinicius teve a intenção de matar, com propósito 'maligno'.

*Sob a supervisão de Maria Inez Magalhães

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