Rio - A Anistia Internacional divulgou um novo documento, na manhã desta quarta-feira, em que destaca as incoerências e contradições nas investigações das mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes. Os assassinatos da vereadora e do motorista completam onze meses nesta quinta-feira, ainda sem respostas.
O levantamento intitulado “O labirinto do caso Marielle Franco e as perguntas que as autoridades devem responder” apresenta uma lista de mais de 20 perguntas sobre pontos críticos que até hoje não foram esclarecidos.
“O que já foi revelado publicamente sobre o assassinato de Marielle levanta sérias preocupações da Anistia em relação a possíveis negligências, interferências indevidas, ou o não seguimento do devido processo legal durante as investigações. As autoridades devem responder às perguntas que agora são feitas sobre pontos críticos do caso. A Anistia Internacional continuará monitorando o caso até que todas as perguntas tenham sido respondidas e o caso, solucionado”, afirma Jurema Werneck, Diretora Executiva da entidade no Brasil.
No documento, a Anistia destaca Marielle teria sido atingida por quatro tiros na cabeça, de um total de 13 disparos contra a parlamentar. A munição usada seria de calibre 9mm de um lote pertencente à Polícia Federal que teria sido desviado dos Correios em 2009. Segundo a empresa, não haveria registro do incidente.
O mesmo lote teria sido utilizado em uma chacina em São Paulo em agosto de 2015, que vitimou cerca de 20 pessoas em Osasco e Barueri, entre outras localidades, e contou com a participação de policiais que seriam parte de um grupo de extermínio, ainda segundo o levantamento da Anistia.
Entre outros pontos críticos destacados no documento estão a falta de respostas o desligamento das câmeras de segurança do local do crime dias antes do assassinato, o desaparecimento de submetralhadoras do arsenal da Polícia Civil do Rio de Janeiro e negligências no armazenamento do carro. As falas públicas das autoridades sobre o andamento das investigações e estimativa de conclusão do inquérito policial também foram destacadas no documento.
“Desde que o assassinato de Marielle Franco completou cinco meses ouvimos autoridades dizerem publicamente que as investigações estavam andando e que o caso estava perto de ser concluído. Se até hoje não se sabe quem matou, quem mandou matar Marielle e nem a motivação do crime, em que as autoridades se basearam todos esses meses para afirmarem que as investigações estavam próximas do fim?”, indaga Werneck.
A um mês para completar um ano do crime, a Anistia Internacional pede para que as autoridades respondam às perguntas feitas sobre pontos críticos do caso e que não podem cair no esquecimento.
“O que esperamos das autoridades hoje é que impulsionem uma investigação imparcial, independente e exaustiva sobre este crime e que respondam a cada uma dessas perguntas colocadas pela Anistia Internacional. E, acima de tudo, esperamos que as autoridades afirmem seu compromisso de garantir que as investigações cheguem aos verdadeiros responsáveis por esse crime brutal, e que identifique tanto os executores, quando os mandantes e a motivação”, conclui Werneck.
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