'Kombi Pirata': o nome surgiu espontaneamente, durante desfile do bloco Desce mas não sobeMicael Hocherman
Por *LUIZ FRANCO
Publicado 01/03/2019 18:08 | Atualizado 04/03/2019 13:07

Rio - Ano após ano, os chamados "blocos secretos", que divulgam seu desfile em cima da hora, através do boca-a-boca, em grupos de Whatsapp ou postagens em redes sociais, ganham cada vez mais espaço no Carnaval de rua do Rio de Janeiro. Amados por uns e criticados por outros, uma coisa é certa: os blocos desfilam em locais e horários inusitados, e nem sempre há ambulantes suficientes para abastecer o cortejo. No Carnaval de 2019, no entanto, os foliões dos "blocos secretos" não têm com o que se preocupar: a "Kombi Pirata" não vai deixar ninguém ficar com sede.

"A ideia surgiu no Carnaval de 2018, no cortejo da Charanga Talismã", conta Marcos Quental, 23, agitador cultural, sócio-fundador do coletivo O Cerco e um dos idealizadores do projeto. "Na verdade, desde o bloco 'Desce mas não sobe' de 2017 a gente faz isso", explica. "Eu e um amigo, o Ian, fomos chamado pra fazer o bar do bloco, que é um bar pra ajudar a cobrir os custos (do desfile). Pensamos em um jeito diferente de fazer esse bar ambulante do bloco e, nessa primeira vez, alugamos uma Saveiro. O bloco desceu Santa Teresa e a gente acompanhou. Começamos a trabalhar umas quatro da manhã, e só terminamos na tarde do dia seguinte", relembra.

O agitador cultural Marcos Quental, idealizador do projeto da Kombi PirataMicael Hocherman

No ano seguinte, o mesmo serviço foi feito nos blocos "'Desce mas não sobe", "Charanga Talismã" e "Vamo ET". Mas foi apenas na Charanga Talismã que a "Kombi Pirata" surgiu. "Foi lá que a gente fez com uma kombi pela primeira vez. Foi aí que surgiu o nome, e o conceito", conta o agitador cultural. "A gente estava vendendo cerveja dentro da kombi, e começamos a falar: é a Kombi Pirata! É a KombiPirata!". E assim nasceu.

Marcos explica que o contato é feito previamente com os organizadores dos blocos secretos, ou pouco divulgados, como é o caso da Charanga. "A ideia não é competir com os ambulantes, e sim suprir a falta de cerveja nos blocos secretos, onde não há tantos ambulantes", afirma. "Os caras ralam o dia inteiro, não tem porque a gente chegar em blocos normais com uma Kombi. A gente também tá no corre, mas não é essa a proposta. Só saímos em parceria com os blocos".

A Kombi também é um tipo de ocupação, uma maneira diferente de utilizar o espaço, explica Quental. "Na Kombi, nos blocos secretos, você está ali disputando alguma mini-narrativa de uso da cidade. Você para as ruas por um determinado momento, torna aquele lugar uma zona autônoma temporária, transforma a sua relação afetiva com a cidade. Você passa por um lugar que nunca passaria, ou até que já passou – mas olha pra ele de um jeito completamente diferente", diz ele.

Em 2019, com o coletivo O Cerco, formado também por Ian Moreira, Mateus Nagem, Bruno Eppinghaus e Fara Clash, a "Kombi Pirata" terá uma parceria com a Stella Artois e deverá estar presente em mais blocos secretos. No domingo, eles estiveram no cortejo da Charanga Talismã.

Para encontrá-la no restante do Carnaval, basta ficar atento nas redes sociais – ou no cortejo mais inusitado que passar por você. 

*Estagiário sob a supervisão de Marco Rocha

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