O agente é da Polícia CivilArquivo Pessoal
Por RAFAEL NASCIMENTO e RAI AQUINO
Publicado 28/02/2019 06:49

Rio - A Corregedoria da Polícia Civil faz, nesta quinta-feira, uma operação contra policiais civis acusados de praticarem extorsão. Um dos alvos da ação, que é a terceira fase da Operação Quarto Elemento (de setembro de 2017), é o policial Flavio Pacca Castello Branco, de 57 anos, que é consultor de segurança do governador Wilson Witzel (PSC).

Pacca foi preso em casa, na Glória, na Zona Sul do Rio, onde os agentes encontraram várias armas registradas. Ele deixou o local por volta das 8h30, com o rosto coberto.

Pacca fez campanha para Witzel nas últimas eleiçõesArquivo Pessoal

Além de Pacca, a operação ainda mira os também policiais Helio Ferreira Machado, Thiago Bacelo Pereira e Ricardo da Costa Canavarro, conhecido como Ricardinho, que já está preso. Todos são acusados de praticar extorsão contra comerciantes envolvidos em atividades criminosas no Rio. Eles também são alvos de mandados de busca e apreensão.

O nome da operação surgiu da forma como os policiais alvo agem. De acordo com as investigações, eles sempre atuam em trio e contam com a ajuda de uma quarta pessoa como informante.

Policiais cumpriram mandados de busca e apreensão no endereço do policialLuciano Belford / Agência O Dia

Extorsão em delegacia

Em uma das atuações do grupo, em 5 de julho de 2017, dentro da 52ª DP (Nova Iguaçu), eles exigiram que duas vítimas pagassem R$ 10 mil, sob grave ameaça. Elas haviam sido detidas pelos policiais praticando crimes de receptação e furto de energia.

No lugar da prisão e do indiciamento delas, os policiais mantiveram as duas no interior da delegacia por cerca de uma hora. Lá, elas sofreram pressões psicológicas, sem que fosse formalizada a presença delas na DP. Por isso, concordaram em fazer o pagamento de R$ 10 mil, em duas parcelas iguais. Apenas o pagamento de uma parcela foi concretizado.

Na época, Ricardinho, que participou de toda a ação criminosa, estava de licença médica. Ele nunca foi lotado na 52ª DP.

O agente é da Polícia CivilArquivo Pessoal

Colega de turma de Wilson

Defensor ferrenho da liberação do porte de armas, Flavio Pacca está na Polícia Civil desde 1999. Nas redes sociais, ele se define como conferencista, palestrante e consultor em perícia técnica de armas e munições, além de dizer ser atirador desportista desde 1986. De 1992 a 1995, ele foi colega de turma do governador Wilson Witzel no curso de Direito do Instituto Bennett, no Flamengo, Zona Sul do Rio.

Nas últimas eleições, Pacca foi candidato a deputado federal pelo PSC, mesmo partido do governador. No pleito, ele obteve 4.118 votos totalizados (0,05% dos votos válidos) e não foi eleito.

Pacca foi candidato a deputado federal nas últimas eleiçõesReprodução / Internet

Quando Witzel anunciou que pretendia formar times de atiradores de elite (snipers) para abater quem for visto portando fuzis nas comunidades do Rio, Pacco apareceu para explicar como seria a formação desses atiradores. Na ocasião, ele disse que queria trazer para a polícia fluminense a experiência que adquiriu em treinamentos de instrutor que teve na Polícia Federal.

Procurada pelo DIA, a assessoria do governador Wilson Witzel enviou a seguinte nota:

"A prisão foi resultado de uma parceria da Corregedoria da Polícia Civil com o Ministério Público e mostra que o meu governo não tolera nenhum ato ilícito, seja de quem for. Que ele tenha seus direitos garantidos, como qualquer cidadão. Mas seja quem for que tenha cometido ou cometa algum ato ilícito ou de corrupção, esta pessoa será punida de acordo com a lei".

O policial Flavio Pacca Castelo Branco é um dos alvos da operaçãoReprodução

Quase 50 denunciados

Segundo a Polícia Civil, somadas às duas fases iniciais, a Operação Quarto Elemento já denunciou 48 indivíduos, entre delegados de Polícia Civil, policiais civis, PMs, bombeiros militares, agente penitenciário e informantes, pela prática de crimes como organização criminosa, corrupção, usurpação de função pública, concussão e peculato, além de extorsão.

Mais de quatro dezenas dos denunciados tiveram suas prisões preventivas decretadas, quando oferecidas as respectivas denúncias.

Flavio Pacca e o governador Wilson Witzel nas eleições do ano passadoArquivo Pessoal

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