Rio,05/03/2019 - Falta de Ã.gua no Hospital do Fundão - Sonia Regina leva galão de 10 litros de água para o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, que está a dois dias com o abastecimento de água interrompido, Rio de Janeiro.Foto: Armando Paiva/ Agência O Dia  Cidade, Hospital Fundão - Armando Paiva/ Agência O Dia
Rio,05/03/2019 - Falta de Ã.gua no Hospital do Fundão - Sonia Regina leva galão de 10 litros de água para o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, que está a dois dias com o abastecimento de água interrompido, Rio de Janeiro.Foto: Armando Paiva/ Agência O Dia Cidade, Hospital FundãoArmando Paiva/ Agência O Dia
Por Gabriel Sobreira

Rio - Banheiros imundos, moscas em pacientes, familiares levando galões de água para os parentes tomarem banho e escovarem os dentes, soro preso na torneira ou no puxador do armário para médicos e enfermeiros lavarem as mãos. Isso sem contar o furto de garrafinhas de água.

Essa é a a dura rotina de quem frequenta o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), o Hospital do Fundão, que desde domingo de Carnaval está sem água por causa da forte chuva, que alagou o estacionamento da instituição e deixou submersa as bombas que abastecem o HUCFF. Como a emergência está fechada, em casos de urgência, os pacientes devem buscar outra unidade.

"Trouxe esse galão de 10 litros de água para a minha mãe para dar banho nela ontem (segunda-feira) à noite, para fazer tudo com essa água, para beber não, que eles dão. Ela tomou banho com a metade do galão e a outra metade eu usei para ela lavar o rosto e escovar o dente", afirma a aposentada Sônia Regina Andrade, de 60 anos. Moradora do Catumbi, ela volta para casa para tomar banho e poder encher o galão. "O banheiro está sujo não tem condição, lá na enfermaria tive que levar ventilador para as moscas não ficarem em cima da minha mãe", reclama.

Uma funcionária do hospital, que pediu para não ser identificada, diz que a situação é realmente crítica. "Fiz plantão de 12 horas sem ir ao banheiro. Sem contar que a garrafinha que a gente trás, o próprio coleguinha pega. Cheguei a ouvir de paciente que não queria comer para não defecar", conta abismada. Uma colega diz que os enfermeiros, para limpar a urina dos pacientes, usam soro e trocam a fralda. Uma terceira profissional do hospital conta que a instituição oferece garrafas de água para funcionários e pacientes matarem a sede. "Mas tem moscas e formigas. No CTI, tem água destilada para lavar as mãos. O pessoal de limpeza faz o que pode com cloro e desinfetante. São os pacientes e os familiares que mais sofrem", se solidariza.

A parente de um paciente, que não quis se identificar, contou que trouxe dois galões de 7 litros para que o familiar pudesse tomar banho. "Ele estava há dois dias sem tomar banho. O senhor ao lado dele está há três dias sem banho, já que não tem ninguém para trazer água para ele. A gente mora perto, mas quem mora longe? Fica sem banho. Só estão dando água mineral para beber. O banheiro está todo sujo, não tem como usar. Estavam dando descarga com água da chuva. As meninas da limpeza fazem isso para jogar no vaso e dar uma aliviada no quarto", desabafa.

Em nota, a direção do hospital afirma que está diretamente envolvida para que a situação seja resolvida o quanto antes. "A água está sendo drenada e, assim que tiver acesso às bombas que levam a água para as caixas, o conserto será feito. A equipe está direto lá. Sem interrupção", assegura.

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