Intenso tiroteio na saída do Baile da Gaiola assusta moradores do Complexo da Penha - Reprodução
Intenso tiroteio na saída do Baile da Gaiola assusta moradores do Complexo da PenhaReprodução
Por *Ana Mello e Adriano Araujo

Rio - Um intenso tiroteio assustou moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte, neste domingo. O Batalhão de Choque (BPChq) faz operação na região desde o início da manhã e ao menos duas pessoas foram baleadas, um ex-cabo do Exército e um adolescente de 17 anos. De acordo com informações, um confronto durante uma festa, no fim da madrugada, também causou pânico e correria.

Joseilton de Jesus Cavalcante, de 27 anos, guardava a moto na garagem da casa onde mora, na Rua Frei Gaspar, no Morro da Chatuba, a mais de um quilômetro de onde ocorria o baile, na Rua Cajá, por volta das 7h. Segundo o pai, Antonio Cavalcante, a madrinha, que é mãe de criação do baleado, contou que ele foi atingido por tiros de fuzil nas duas pernas.

Os parentes relatam que os policiais negaram socorro, dizendo que "não podiam fazer nada". Somente após ver que a vítima era um cabo do Exército, dispensado no último dia 28, é que prestaram auxílio. Eles chegaram a recolher as cápsulas que estavam no chão e retiveram o documento do baleado, de acordo com a família. 

Questionada sobre as denúncias dos parentes de Joseilton, a Polícia Militar enfatizou que "não compactua com possíveis desvios de conduta por parte de seus policiais, punindo exemplarmente os envolvidos quando comprovados os fatos". No entanto, a corporação não respondeu se os relatos dos familiares da vítima serão investigados e se limitou a dizer que denúncias podem ser feitas nos canais oficiais da corporação: WhatsApp - (21) 97598-4593, telefone - (21) 2725-9098 ou e-mail - denuncia@cintpm.rj.gov.br. O anonimato é garantido. 

O rapaz foi socorrido no Hospital Estadual Getúlio Vargas, também na Penha, onde passa por cirurgia. O jovem fez concurso temporário de cabo para o Exército e ficou oito anos trabalhando na Diretoria de Fabricação da instituição, na Central do Brasil. Oficiais da Força Armada foram até o hospital acompanhar a situação do colega. De acordo com os parentes, houve demora no atendimento da vítima, que só foi resolvida com a chegada dos oficiais. Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde ainda não se pronunciou.

O ex-militar é nascido e criado na comunidade da Penha, trabalhava atualmente com entregas de moto, através de um serviço de aplicativo, e fazia curso de técnico.

"Ele nunca se envolveu com nada, é um homem de bem, que agora corre risco de ficar com a perna amputada por conta da negligência dos policiais", denuncia Letícia Ísis, cunhada de Joseilton. Além do vizinho, estão presentes no local a mãe, o pai e a noiva da vítima, que está abalada e não quis falar com imprensa.

A sogra de Joseilton, que é enfermeira, acompanha os familiares dele no hospital e espera que ele se recupere. "Esperamos que ele tenha toda a assistência necessária. Ele é um homem jovem, que sempre trabalhou e acontece uma coisa dessas. Está correndo o risco de ficar amputado", teme ela, que preferiu não se identificar.

O adolescente baleado já passou por cirurgia e tem estado de saúde estável, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde. Não se sabe as circunstâncias em que ele foi baleado.

Algumas pessoas denunciaram que houve mais feridos na ação e policiais estavam pegando pertences e dinheiro das pessoas que estavam na comunidade. A PM também respondeu a estas denúncias. Ainda não há informações oficiais da corporação sobre prisões ou apreensões. Localidades como Grotão, Chatuba, Vacaria, Morro da Fé, Praça do Inter, Rua Cajá, Sacopã, Rua A e Merendiba registraram tiros, segundo a página Onde Tem Tiroteio (OTT-RJ). Vídeos publicados pelo aplicativo mostram a quantidade de disparos ouvidos na saída do evento.

 

Tiroteio no momento de apresentação de grupo de rap

Um vídeo mostra o coletivo de rap Poesia Acústica se apresentando no momento que começou o tiroteio. Outras imagens da página Vila Cruzeiro-RJ mostram o tiroteio na comunidade e, inclusive, os cantores deixando a comunidade após cessarem os disparos.

A reportagem tentou contato com o Poesia Acústica, mas não conseguiu falar com os representantes do grupo. O espaço está aberto para manifestação.

 

*Estagiária, com supervisão do repórter Adriano Araújo

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