Dom Luiz Henrique da Silva Brito, que assumirá o posto de dom Biasin, é  atualmente bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro - Divulgação: Arquidiocese do Rio de Janeiro
Dom Luiz Henrique da Silva Brito, que assumirá o posto de dom Biasin, é atualmente bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de JaneiroDivulgação: Arquidiocese do Rio de Janeiro
Por FRANCISCO EDSON ALVES

RIO - Dom Luiz Henrique da Silva Brito, atualmente bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ), foi nomeado nesta quarta-feira pelo papa Francisco nomeou, para a diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda, no Sul Fluminense. Dom Luiz Henrique sucederá dom Francisco Biasin, que teve seu pedido de renúncia acolhido pelo papa, após completar 75 anos em setembro de 2018. Recentemente, Biasin se envolveu numa polêmica sobre a reforma do altar da Matriz de São Sebastião, em Barra Mansa, contestada por padres da Congregação Verbo Divino e fiéis, conforme o DIA mostrou com exclusividade.

De acordo com nota da CNBB, dom Luiz Henrique tem 51anos de idade, nasceu em São Gonçalo, na Região metropolitana, e foi ordenado presbítero em dezembro de 1991, em Campos dos Goytacazes, no Norte do estado. É mestre em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade de Santa Cruz, em Roma.

Em sua trajetória, foi coordenador da Pastoral Vocacional da Diocese de Campos, coordenador diocesano de Pastoral, juiz auditor da Câmara Eclesiástica e tem larga experiência como professor e diretor espiritual em faculdade e seminários.

No Rio de Janeiro, foi nomeado bispo auxiliar em 29 de fevereiro de 2012, quando foi ordenado em 12 de maio daquele ano, na Catedral de São Sebastião, pelo arcebispo local, dom Orani João Tempesta, hoje cardeal.

Na arquidiocese carioca, dom Luiz Henrique acompanhou as escolas Mater Ecclesiae e Luz e Vida, como diretor geral. As instituições são voltadas para a formação na doutrina católica. Como bispo auxiliar também foi animador dos vicariatos não territoriais para a Caridade Social e para a Comunicação Social e da Coordenação Arquidiocesana de Pastoral. Além disso, acompanhou o movimento dos Círculos Bíblicos, as Comunidades Eclesiais de Base, a rádio Catedral 106.7 FM e o Tribunal Eclesiástico do Rio.

O bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, assinou, em nota, uma mensagem a dom Luiz Henrique. Leia mais abaixo a saudação na íntegra.

Dom Francisco Biasin completou 75 anos no dia 6 de setembro do ano passado, idade definida pelo Código de Direito Canônico para a apresentação do pedido de renúncia pelos bispos ao Papa. o bispo conclui no próximo mês de maio o segundo mandato à frente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Dom Francisco, italiano de Arzercavalli, em Pádua, está na diocese fluminense desde o dia 28 de agosto de 2011. Veio ao Brasil em 1972, quando foi enviado como missionário “fidei donum” na diocese de Petrópolis, na Região Sedrrana, onde exerceu as funções de vigário paroquial e em seguida de pároco na paróquia de São Sebastião de Gramacho, no município de Duque de Caxias, pertencente nesta época à Diocese de Petrópolis.

SAÍDA EM MEIO A POLÊMICA

O pedido de renúncia de dom Biasin, feito há seis meses, foi um dos mais rápidos aceitos pelo Vaticano. Em média, a solicitação de afastamento por idade só é atendido, segundo especialistas no assunto, somente entre um e dois anos. Dom Biasin deixará a diocese depois de um desgaste perante aos fieis da vizinha cidade de Barra Mansa, por conta de uma polêmica envolvendo a Paróquia de São Sebastião, no Centro. A intenção da cúpula da Igreja do Sul Fluminense de substituir o painel sacro, ainda intacto, de meados de século passado, em milenar arte árabe-portuguesa, de azulejos vitrificados, do altar da igreja (de 1859), se transformou em discórdia. Atualmente, o projeto está estacionado.

Fiéis, com apoio de padres da Congregação Verbo Divino, se queixam de não terem sido consultados pelo italiano dom Francisco Biasin, e pelo pároco croata, Milan Knezovic, e ameaçaram fazer vigília no templo para impedir a derrubada do painel. Um abaixo-assinado foi enviado ao Papa Francisco, pedindo sua intervenção no assunto, que rendeu até um abraço simbólico, sob chuca, à matriz.

O advogado Ricardo Maciel, garante que a paróquia cometeu infração grave, ao desrespeitar a Lei 4.492/2015 (de autoria do ex-vereador Ivan Marcelino de Campos, e assinada pelo então vereador Marcelo Cabeleireiro, eleito deputado estadual pelo DC), que tombou a matriz como Patrimônio Municipal Histórico e Cultural. Em dezembro, padre Nilton Gonçalves, foi um dos que se manifestaram publicamente contra a ideia de Biasin e Milan. "O pároco atual tem a psicótica ideia de que o painel é de inspiração maçônica", postou Nilton. Nem Biasin e nem Milan nunca responderam aos questionamentos feitos pelo DIA sobre o assunto, quanto a gastos previstos e detalhes do projeto, que chegou a ter início, com a derrubada de divisórias de mármore do altar. Em redes sociais, a Biasin e Milan alegaram que estavam apenas "adequando o altar" á leis de acessibilidade.

A aposentadoria de Biasin divide opiniões. "Só espero que a Igreja não esteja trocando seis por meia dúzia. Há tempos esperamos um bispo que, assim como dom Waldyr (Calheiros, que morreu em 2013 e ícone no papel na redemocratização do Brasil durante a ditadura militar), seja mais presente e de voz ativa nas lutas da comunidade e dos trabalhadores", afrimou o ex-metalúrgico da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Nilder Portugal Lemos, de 58 anos. "Acho que dom Biasin vai deixar saudades. Suportou muitas críticas injustas, mas elevou nossa fé nas comunidades, com seu jeito discreto e humilde", assegurou Marinéia da Conceição Baptista, de 49 anos, da comunidade Nossa Senhora das Graças, no Aterrado. "De corações abertos acolhamos o novo bispo, convictos que a caminhada junto aos desfavorecidos seja o norte, como ensina Jesus Cristo. Como dizia dom Waldyr Calheiros: amém, aleluia!. Seja bem chegado dom Luiz Henrique. Paz e bem", comentou José Maria da Silva, o Zezinho, um dos líderes católicos do município, porta-voz do Movimento pela Ética na Política (MEP-VR).

NOTA DA CNBB NA ÍNTEGRA

Saudação da CNBB dom Luiz Henrique da Silva Brito

Prezado Irmão, dom Luiz Henrique da Silva Brito.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) recebeu com alegria, na manhã desta quarta-feira, 13 de março, por meio da Nunciatura Apostólica, a notícia da nomeação do senhor como novo bispo da diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda, sucedendo a Dom Francisco Biasin. Queremos agradecer ao Santo Padre pelo constante olhar de cuidado para com as Igrejas Particulares no Brasil.O trabalho do senhor no auxílio ao Cardeal Orani Tempesta, na arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ), de algum modo, já o preparou para o feliz enfrentamento dos desafios desta nova missão conferida pela Igreja.

Trazemos algumas palavras de inspiração provenientes do Magistério do Papa Francisco para saudar a sua transferência: “toda a ação evangelizadora autêntica é sempre ‘nova’. Embora esta missão nos exija uma entrega generosa, seria um erro considerá-la como uma heroica tarefa pessoal, dado que ela é, primariamente e acima de tudo o que possamos sondar e compreender, obra de Deus. Jesus é ‘o primeiro e o maior evangelizador’. Em qualquer forma de evangelização, o primado é sempre de Deus, que quis chamar-nos para cooperar com Ele e impelir-nos com a força do seu Espírito. A verdadeira novidade é aquela que o próprio Deus misteriosamente quer produzir, aquela que Ele inspira, aquela que Ele provoca, aquela que Ele orienta e acompanha de mil e uma maneiras. Em toda a vida da Igreja, deve-se sempre manifestar que a iniciativa pertence a Deus, ‘porque Ele nos amou primeiro’ (1 Jo 4, 19) e é ‘só Deus que faz crescer’ (1 Cor 3, 7). Esta convicção permite-nos manter a alegria no meio duma tarefa tão exigente e desafiadora que ocupa inteiramente a nossa vida. Pede-nos tudo, mas ao mesmo tempo dá-nos tudo”.

Rezamos pelo senhor e desejamos que seu ministério seja de muitos frutos.

Dom Leonardo Ulrich Steiner, bispo auxiliar de Brasília e Secretário-geral da CNBB

Você pode gostar
Comentários