Cabo agrediu dona de lanchonete por erro em pedido - Estefan Radovicz / Agência O DIA
Cabo agrediu dona de lanchonete por erro em pedidoEstefan Radovicz / Agência O DIA
Por Antonio Augusto Puga

Rio - Um pedido errado de uma lanchonete terminou em agressão e prisão. A proprietária da Núbia Lanches, em Jacarepaguá, de 24 anos, foi agredida na madrugada desta quinta-feira pelo cabo da Polícia Militar Augusto César Lima Santana, lotado 9º BPM (Rocha Miranda). Ele estava inconformado por ter recebido o pedido errado, e foi até o estabelecimento, em Curicica, onde depois de uma discussão, deu socos e pontapés na vítima. O PM foi preso pela Corregedoria e, depois de prestar depoimento na 32ª DP (Taquara), foi transferido para uma unidade prisional da corporação em Niterói. A família, no entanto, teme ser alvo de represálias.

O pedido de quatro hambúrgueres foi feito por um aplicativo e entregue na residência do policial, no Recreio dos Bandeirantes, no valor de R$ 83,60. A mulher do PM ligou para a lanchonete reclamando que um sanduíche estava errado.

"Eu expliquei que estava correto, até porque o hambúrguer vinha com molho barbecue e bacon, isso foi informado na hora do pedido. De repente um homem passou a me xingar de piranha e outras ofensas", disse a vítima.

A proprietária acabou fazendo um novo sanduíche e enviou à casa do policial. Enquanto o entregador estava a caminho, o policial apareceu armado na lanchonete, dizendo que era delegado federal. Quando ela se identificou, ele passou a agredi-la com socos, tapas e coronhadas. Ao saber que o local tinha câmeras de segurança, o PM exigiu as imagens, mas ela disse que o equipamento não fazia gravação.

Poucos minutos depois, o marido da proprietária chegou à lanchonete. Ele levou a mulher até a UPA do bairro e em seguida foram para a 32ª DP registrar a ocorrência. As imagens da agressão foram divulgadas em redes sociais.

Família teme represália

A irmã da empresária disse, na delegacia, que se algo acontecesse com a família, ela iria responsabilizar o policial. "Se acontecer qualquer coisa com minha família ou comigo, toda a responsabilidade será deste policial".

O marido da vítima disse estar indignado com a atitude do PM. "Agredir daquele jeito por causa de um sanduíche? Não tem justificativa. Não sei o que faremos com a lanchonete. Precisamos esfriar a cabeça e ver o que é melhor", destacou Matheus Morata.

Segundo o delegado Maurício Mendonça, o PM alegou em seu depoimento que ficou descontente com o erro da lanchonete no pedido. Augusto Lima Santana irá responder por lesão corporal, ameaça e falsidade ideológica.

Cinco minutos com a proprietária da lanchonete

Com vários hematomas e três pontos na cabeça por conta das agressões do policial militar Augusto César Lima Santana, que é conhecido por Tito, a empresária disse estar assustada com a violência que sofreu. Com medo de novas ameaças, a proprietária ainda não sabe o que fazer com o estabelecimento, mas não descarta fechá-lo.

Como teve início a discussão?

Foi feito um pedido, por volta das 23h, através de um aplicativo, de quatro hambúrgueres barberbacon, num total de R$ 83,60, sendo um dos sanduíches sem molho e salada, e deveriam ser entregues casa da pessoa, no Recreio dos Bandeirantes. Pouco tempo depois, uma mulher ligou dizendo que o pedido estava errado. Expliquei que em momento algum informaram que não queriam o molho (barbecue). De repente um homem entrou na ligação e passou a me chamar de piranha, ignorante e outras ofensas. Ainda assim resolvi mandar um outro.

Ele era cliente habitual da lanchonete?

Não. E eu sei porque o aplicativo informa, ele era cliente novo.

Como foi a chegada dele?

Eu já havia mandado o sanduíche pelo motoboy, quando ele desceu de um carro com mais pessoas, e começou a ameaçar o entregador, além de perguntar quem era a piranha que tinha falado com ele no telefone. Quando disse que era eu, levei um tapa no rosto, em seguida ele passou a me agredir com socos e pontapés, além de dizer que eu não sabia com quem tinha me metido, que ele era delegado federal. Tentei escapar das agressões indo para trás do balcão, o PM invadiu o local e continuou batendo, dando coronhadas e chutes na barriga, até que me arrastou pelos cabelos.

Você disse que ele exigiu que entregasse a imagens das câmeras de segurança.

Enquanto me batia, ele percebeu que tinha câmeras de segurança na loja. Ele ameaçou o funcionário, exigindo que ele pegasse as gravações, e o rapaz disse que não sabia como fazer. Falei, então, que elas não gravavam. Depois disso ele foi embora, mas me ameaçou caso eu divulgasse as imagens. Coloquei nas redes sociais para que ele fosse identificado e preso pelo que fez comigo.

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