Obra que retira beiral começou há uma semana no Mato Alto. Ideia é ampliar a medida para outras estações - FOTOS DE Estefan Radovicz / Agência O Dia
Obra que retira beiral começou há uma semana no Mato Alto. Ideia é ampliar a medida para outras estaçõesFOTOS DE Estefan Radovicz / Agência O Dia
Por Antonio Augusto Puga

Rio - Uma medida, ainda em caráter de testes, para deter calotes no BRT, tem causado mais um impasse entre o consórcio e a intervenção do sistema pela prefeitura, e gerado críticas nos passageiros e especialistas. Desde a semana passada, o município tem retirado o beiral da plataforma do Mato Alto, em Guaratiba, aumentando a distância entre o ônibus e a estação. A previsão é ampliar a obra para outras estações de grande movimento.

O aposentado Charles Roy, que três vezes na semana faz tratamento na Rede Sarah, na Barra da Tijuca, condenou o projeto. "Se eu já tinha dificuldade em embarcar no ônibus devido ao uso de muleta, imagina agora com um espaço maior. Corro o risco de acontecer um acidente comigo no embarque ou no desembarque".

Para o especialista em medicina do trânsito, Fernando Moreira, a alteração causa preocupação por afetar cadeirantes, pessoas com dificuldade de mobilidade, pessoas com crianças e idosos. "Não há como negar o quanto o BRT facilitou o transporte das pessoas, mas quando acontecem modificações nas estações que possam dificultar o acesso é preocupante".

Para a dona de casa Aida Iguatemy, moradora de Guaratiba, a alteração na plataforma pode virar um problema sério. "Mesmo com o beiral quase machuquei seriamente meu pé. Se aumentarem a distância vai ficar muito difícil, até porque as pessoas não respeitam os idosos em momento algum. Sem contar que os ônibus vivem superlotados e na maioria deles o ar-condicionado não funciona".

O engenheiro e coordenador de Segurança do Crea-RJ, Jaques Sherique, explica que a existência do beiral na plataforma tem a função de aproximar o veículo do passageiro, sem colocá-lo em risco. "A distância máxima entre a plataforma de embarque do ônibus deve ser de 20 centímetros. Acima disso, o passageiro estará correndo risco, principalmente pela pressão que sofre na hora entrar ou sair do transporte".

Divergências

Desde o início da obra no Mato Alto, na semana passada, passageiros estão usando outra plataforma para embarque e desembarque. Segundo a comissão de intervenção da prefeitura no sistema BRT, o projeto piloto de retirada dos beirais foi planejado para estações de grande movimento e visa combater o calote que acontece nas estações, onde mais de 70 mil pessoas deixam de pagar passagem todo dia.

Mas, segundo o consórcio BRT, que administrava o sistema antes da intervenção, a retirada do beiral é "um desrespeito com a população". Em nota, o consórcio alega que medidas como essa não resolvem o problema, geram gastos públicos desnecessários e podem colocar em risco a integridade dos usuários.

Em relação à existência de um vão entre a estação e o ônibus, a intervenção informa que isso não acontecerá, pois foi levado em conta a segurança do passageiro. Sobre a superlotação, o sistema BRT disse que opera com cerca de dois terços do planejado. São 250 ônibus por dia, contra uma previsão de 420.

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