Guarda Municipal Maciel Martins achou bolsa com dinheiro e devolveu ao donoReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Por ADRIANO ARAÚJO
Publicado 15/03/2019 21:13 | Atualizado 18/03/2019 08:11

Rio - Além da campanha da Guarda Municipal (GM) para procurar a dona de R$500 perdidos em São Cristóvão, na segunda-feira, um outro caso semelhante foi registrado, dois dias antes, após a passagem de um bloco de carnaval na Lapa, Região Central do Rio, e terminou com final feliz. Os agentes da GM Maciel Martins e Marcos Mendes encontraram uma pochete com R$ 570, celular e documentos de um folião na Rua Mem de Sá, próximo a um estacionamento.

"Tinha muita gente passando desconfiada e não pegava. Meu parceiro pegou e abriu para achar algo que identificasse. Além dos R$ 570, tinha o celular, documentos, cartões e moedas. Depois da verificação, acionamos nosso líder operacional e informamos da situação. Acabou que o dono ligou para o celular e combinamos de nos encontrarmos na delegacia", contou Maciel, que trabalha no VLT e foi naquele dia deslocado com o parceiro para a Região da Lapa.

Maciel conta que o dono — que curtia o Carnaval na região — não acreditava que tinha conseguido reaver seus pertences. "Quando ele ligou e nos identificamos como guardas, ele perguntou: 'você está falando sério? Achou mesmo?'. Na delegacia, ele ficou muito emocionado, nos abraçou e chorou. O jovem até fez uma gravação com a equipe inteira. Vale a pena ser correto, ele disse que era o dinheiro do aluguel dele, ficou muito feliz".

Apesar do gesto correto dos dois guardas, Maciel revelou que já esteve do outro lado da história por duas vezes, mas não teve a mesma "sorte" que o folião. "Por duas já perdi a carteira dentro do ônibus e não devolveram. Tinha valor em espécie, cartões bancários, até minha carteira funcional e meu telefone de contato, para caso em perdesse entrarem em contato. Fiquei bastante triste quando aconteceu comigo e não devolveram, com certeza viram a funcional. Não tive a mesma sorte desse rapaz", desabafou.

Exemplos da mãe e sonho da estabilidade

O agente da Guarda Municipal é casado e tem uma filha de 6 anos, que ele já tenta passar os ensinamentos da avó da menina. "Ela assimila pouco ainda, mas já explicamos que se achar algo na escola e não for dela, tem que entregar. Ensinamos que isso é o correto". Maciel alerta que o gesto não é nenhum favor. "Na situação da Lapa fizemos o que é uma obrigação nossa. As pessoas se assustam, porque são poucas que fazem isso, infelizmente, mas tem que agir de forma correta e honesta", completou.

Maciel está há 18 anos do Rio, vindo do interior da Paraíba. De lá, trouxe na bagagem os ensinamentos da mãe, que criou ele e mais quatro irmãos sozinha. Tudo que aprendeu com ela tenta aplicar em seu trabalho.

"Fui criado no interior da Paraíba e tive uma criação rígida, no sentido de ser honesto, correto. Minha mãe sempre me orientou a agir assim, se encontrasse algo que não nos pertencia, era para imediatamente devolver", explicou, agradecendo tudo que é hoje à mãe.

"Eu acho que o que faz toda a diferença na vida do ser humano é a criação dele em casa, no âmbito familiar. Nunca esqueci dos ensinamentos da minha mãe, tem momentos que escuto minha mãe falar no meu ouvido. Você não consegue esquecer, é como matemática: quando decora não esquece mais. A família e a educação que recebe ajudam no caráter da pessoa", comparou. 

Quando deixou o interior da Paraíba, Maciel tinha como metas vencer no Rio de Janeiro. Ele tinha 21 anos e começou a se dedicar a concursos públicos, até que foi aprovado para a Guarda Municipal, há oito anos. Cursando Segurança Pública em uma unidade particular, hoje ele trabalha para realizar um sonho. 

"Eu queria conquistar a estabilidade do emprego público. Como consegui, agora corro atrás do meu sonho, que é a faculdade de direito", planeja.

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