Rio - O Museu Nacional, que perdeu milhares de peças em um incêndio em setembro de 2018, vai ganhar um novo acervo. Durante as obras do RioZoo, foi encontrado um tesouro arqueológico com mais de 30 mil de itens.
Os objetos são datados do início do século XIX até os primeiros anos do século XX, quando existia uma vila de funcionários do Palácio Imperial, onde hoje fica a Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na Zona Norte. Também foram encontrados vestígios de um quartel da época da Proclamação da República, construído sobre casas antigas, para apagar o passado monárquico do Brasil. A estrutura do quartel será incorporada ao roteiro de visitação do novo zoológico.
Itens como louças, xícaras, pratos, talheres, ferraduras, botões e broches de roupa com o brasão imperial, também foram encontrados. Muitos deles são de alto valor e podem ter vindo da Europa junto com a Família Real. De acordo com o arqueólogo e historiador Filipe Coelho, diretor da empresa responsável pelo mapeamento e resgate do patrimônio, objetos encontrados teriam sido doados pelo Palácio.
"Acreditamos que muitos objetos foram doados pelo palácio para os moradores do entorno. Funcionava como política de boa vizinhança. Descobrimos um tipo de cerâmica mais nobre que apresenta pinturas. Isso não era comum entre a população mais pobre. Só depois esse material virou moda", explica o arqueólogo.
Uma parte do acervo vai ficar exposta dentro do zoológico, onde funcionou uma escola de formação técnica para os trabalhadores e filhos dos escravos do Palácio da Quinta da Boa Vista. Entretanto, a maior parte das peças será destinada ao Museu Nacional.
